PSOE e Podemos chegam a acordo para formar governo de esquerda na Espanha

Acerto preliminar ainda depende de acordo com outros partidos menores

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São Paulo e Madri | Reuters e AFP

Após meses de impasse e de troca de críticas públicas, Pedro Sánchez (PSOE) e Pablo Iglesias (Podemos) anunciaram nesta terça-feira (12) que chegaram a um acordo preliminar para formar um governo conjunto na Espanha. E selaram o acerto com um abraço. 

O documento não deixa claro quais serão as funções de cada um no novo governo nem as linhas que serão adotadas. Há menções genéricas a proteger os direitos sociais, garantir a convivência na Catalunha e fortalecer as autonomias regionais.

O premiê Pedro Sánchez e o líder do Podemos, Pablo Iglesias (de frente), se abraçam durante anúncio de acordo
O premiê Pedro Sánchez e o líder do Podemos, Pablo Iglesias (de frente), se abraçam durante anúncio de acordo - Sergio Perez/Reuters

O PSOE, que comanda o governo desde junho de 2018, foi o mais votado nas eleições de domingo (10), com 120 assentos conquistados. A coligação Unidas Podemos ficou em quarto, com 35. Juntos, têm 155 cadeiras, mais do que a soma do segundo e terceiro colocados (PP e Vox, ambos de direita, que chegaram a 140 somados).

Segundo alguns veículos da imprensa espanhola, houve um acerto para que Iglesias fique com o cargo de vice-presidente de governo, em um sinal claro de que o PSOE finalmente cedeu no ponto que travava as conversas: dividir o poder.

O líder do Podemos classificou o acordo como "a melhor vacina contra a extrema-direita".

No domingo, o partido de ultradireita Vox teve um crescimento expressivo, e passou de 24 para 52 assentos, tornando-se o terceiro mais votado. 

O resultado gerou temores de que uma nova eleição, em caso de falta de acordo, possa fazer com que o Vox cresça ainda mais. O partido se posiciona contra o que chama de política tradicional e defende bandeiras como o fim das autonomias regionais e o veto a imigrantes. 

A questão separatista marcou a campanha. Enquanto os candidatos rodavam o país, protestos na Catalunha terminaram em confrontos com a polícia e barricadas de fogo em Barcelona. Os atos retomaram força depois da condenação de líderes que participaram do movimento de 2017.

O separatismo é usado pela direita como exemplo de que a autonomia regional é uma das raízes dos problemas da Espanha. Regiões como o País Basco e a Catalunha, que possuem mais autonomia, são mais desenvolvidas que outras, como a Andaluzia. 

Pela primeira vez, o Parlamento espanhol terá representantes da CUP. O partido de extrema esquerda participa da tríade separatista catalã e quer independência a qualquer custo. A legenda conseguiu dois assentos e sua cabeça de lista, Mireia Vehí, já avisou que a missão da CUP nessa legislatura será gerar a “ingovernabilidade do regime”. 

Nas eleições de abril, o PSOE também foi o vencedor, mas não conseguiu fazer um acordo com o Podemos para formar governo, o que levou à nova votação geral, no domingo passado.

Os dois partidos perderam votos em comparação a abril. A expectativa, segundo o El País, é que a coligação atraia legendas regionais, como o PNV (Partido Nacionalista Vasco; sete assentos), Más País (três), BNG (Bloco Nacionalista Galego; um), PRC (Partido Regionalista da Cantábria; um) e Teruel Existe (um). 

Mesmo que não chegue aos 176 assentos necessários para a maioria, o bloco de esquerda pode assumir o governo desde que outros partidos menores se abstenham e não bloqueiem a investidura.

Se a coligação for aprovada, será a primeira vez que a Espanha terá um governo de coalizão desde sua redemocratização, nos anos 1970. PSOE e PP se alternam no poder desde 1982. 

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