Renúncia de Evo foi golpe da extrema direita racista, diz embaixador da Bolívia no Brasil

Kinn Franco segue no posto, ao contrário de outros colegas, que renunciaram em apoio a ex-presidente

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Brasília

A renúncia de Evo Morales à Presidência da Bolívia foi um golpe articulado antes das eleições bolivianas pela extrema-direita conservadora e racista de um país que lutava por soberania e igualdade, afirmou nesta terça-feira (12) o embaixador da Bolívia no Brasil, José Kinn Franco.

Franco esteve na tarde desta terça na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde se reuniu com líderes de partidos da oposição, como PT, PDT, PSB, Rede, PSOL e PCdoB.

Em rápida entrevista coletiva após o encontro, afirmou que começaria a percorrer países para denunciar o processo sofrido pelo agora ex-mandatário boliviano.

O ex-presidente boliviano Evo Morales chega ao aeroporto da Cidade do México
O ex-presidente boliviano Evo Morales chega ao aeroporto da Cidade do México - David de la Paz/Xinhua

​“Foi organizado, programado e estruturado especialmente pela extrema-direita de nosso país, que é uma direita muito conservadora, violenta, racista e que está agora fazendo perseguição das lideranças do nosso partido e perseguição dos nossos deputados, senadores, do oficialismo”, afirmou.

Franco disse não ter entrado em contato ainda com o governo brasileiro e afirmou que segue como embaixador, embora alguns de seus colegas tenham renunciado ao cargo em solidariedade a Evo.

“Mas também temos algumas outras tarefas a cumprir. Por isso, não renunciei, mas eu vou renunciar em algum momento também”, afirmou.

O embaixador ressaltou ainda que não falou com Evo recentemente, mas que se informa sobre a situação no país com o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Diego Pary Rodríguez.

Evo chegou por volta das 11h desta terça (horário local, 14h em Brasília) ao México, país que concedeu asilo político ao ex-presidente da Bolívia. Ele renunciou no domingo (10), após pressão das Forças Armadas e de protestos nas ruas, que o acusam de ter cometido fraude eleitoral.

Evo disputou um quarto mandato nas eleições de 20 de outubro, e foi apontado vencedor após uma apuração marcada por idas e vindas. Um relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos), divulgado no domingo, apontou problemas na contagem dos votos.

Após a divulgação do relatório, Evo disse que convocaria novas eleições, mas mesmo assim não conseguiu obter o apoio dos militares, que sugeriram publicamente que ele renunciasse.

Horas depois, Evo anunciou sua renúncia e foi seguido por diversos outros líderes do país, como os presidentes da Câmara e do Senado, além do vice-presidente. Com isso, a Bolívia está oficialmente sem comando.

Após a renúncia, houve protestos, confrontos e depredação em La Paz e em outras cidades. Casas do ex-presidente e de ministros foram atacadas por manifestantes.

Durante a noite de segunda (11) e a madrugada de terça, moradores de La Paz fizeram barricadas nas ruas para se proteger de possíveis ataques.

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