As autoridades russas começaram a aplicar nesta sexta-feira (1º) uma polêmica lei para criar uma "internet soberana", isolada dos grandes servidores mundiais, e criar filtros de conteúdo.
A iniciativa foi denunciada por defensores da liberdade de expressão como um controle excessivo.
O texto prevê a criação de uma infraestrutura que permita garantir o funcionamento dos recursos da internet russa caso as operadoras do país não consigam conectar-se a servidores estrangeiros.
Os provedores de acesso da Rússia também deverão garantir que suas redes tenham meios para permitir um controle centralizado do tráfego, sob alegação de que isso é necessário para conseguir responder a eventuais ameaças. Na prática, significa maior poder ao governo para barrar o acesso a sites e filtrar o conteúdo presente neles.
Outra questão é que o governo pretende limitar o acesso a páginas estrangeiras, direcionando os usuários a versões locais dos serviços.
No entanto, há poucos detalhes divulgados sobre como as coisas passarão a funcionar na prática. Especialistas apontam que não está claro como essa lei será implantada e se ela será efetiva, pois envolve altos custos e um desafio tecnológico.
Uma das questões, segundo o site Mashable, é que a internet na Rússia foi criada de forma conectada ao resto do mundo, ao contrário da China, que desde o início expandiu a rede pensando em um modelo nacional fechado.
A Rússia também não possui um ecossistema autossuficiente de sites e serviços próprios, como a China, onde o comércio eletrônico, as redes sociais e aplicativos de mensagem são dominados por gigantes locais, como Alibaba e Weibo.
A lei tem sido criticada como uma tentativa de controlar o conteúdo na internet, além de pretender isolar de maneira progressiva a internet russa, um dos últimos espaços de liberdade para a oposição ao governo de Vladimir Putin.
"O governo pode agora censurar de maneira direta o conteúdo ou, inclusive, transformar a internet russa em um sistema fechado sem informar ao público sobre o que fez ou por quê", denunciou a ONG Human Rights Watch.
A organização considera que o texto, que provocou manifestações em março, "coloca em perigo a liberdade de expressão e informação online" e abre o caminho para uma vigilância em massa.
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