Trump ataca ex-embaixadora na Ucrânia enquanto ela depõe à Câmara

Diplomata testemunhou em inquérito de impeachment do presidente dos EUA

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Washington | The New York Times

Enquanto a ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch, testemunhava à Câmara dos Deputados nesta sexta-feira (15), o presidente Donald Trump publicou uma série de mensagens em uma rede social descreditando o trabalho da diplomata. 

"Todos os lugares em que ela trabalhou pioraram", escreveu. "Ela começou na Somália, e como foi? Depois ela foi para a Ucrânia, onde o novo presidente ucraniano falou negativamente sobre ela no meu segundo telefonema a ele. Nomear embaixadores é um direito do presidente americano."

A ex-embaixadora dos EUA Marie Yovanovitch
A ex-embaixadora dos EUA Marie Yovanovitch depõe no processo de impeachment contra Donald Trump na Câmara dos Deputados dos EUA - Win McNamee/Getty Images/AFP

A diplomata foi demitida do posto em maio deste ano, dois meses antes do agora famoso telefonema entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que deu início à investigação do impeachment do americano.

Aos deputados, ela afirmou que, até ser removida, tinha sofrido pressão do advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e do filho mais velho do mandatário, Donald Trump Jr.. 

As publicações de Trump omitem o contexto da conversa entre os dois líderes, que ocorreu dois meses depois de ela deixar a Ucrânia. 

Foi o presidente americano que mencionou Yovanovitch pela primeira vez na ligação, criticando o trabalho dela. Zelenski respondeu que concordava completamente com Trump e afirmou que "você [Trump] foi o primeiro a me dizer que ela era uma embaixadora ruim". 

Adam Schiff, deputado da Califórnia que chefia o Comitê de Inteligência da Câmara, interrompeu a audiência para ler as mensagens de Trump e perguntar à diplomata o que ela pensava a respeito.

Ela disse que não podia "afirmar com certeza o que o presidente quis dizer", mas considerou o episódio "muito intimidador".

Schiff respondeu em tom sóbrio que "alguns de nós aqui levamos muito, muito a sério a intimidação de testemunhas".

O deputado Jim Himes, de Connecticut, afirmou que se tratava de um episódio de "clara intimidação de testemunhas" que poderia embasar o impeachment de Trump. 

A Casa Branca negou qualquer irregularidade nas publicações. "A mensagem não foi uma intimidação a uma testemunha, era simplesmente a opinião do presidente", afirmou a porta-voz do governo. "[O inquérito do impeachment] não é um julgamento, mas sim um processo político e partidário [contra Trump]." ​

A investigação dos deputados é a primeira fase do processo de impeachment, que, se aprovado na Câmara, será encaminhado ao Senado. 

Em seu depoimento nesta sexta, Yovanovitch afirmou que sentiu medo quando foi pressionada por Trump e seus aliados.

E disse que ler a transcrição do telefonema, divulgada em maio, "foi um momento horrível".

"Uma pessoa que me assistiu ler o registro da ligação disse que meu rosto ficou branco. Mesmo agora, eu fico sem palavras", contou aos deputados.

Durante a conversa entre os dois líderes, em julho, Trump a chamou de "notícias ruins" e afirmou que "ela vai passar por algumas coisas" —não se sabe a que ele estava se referindo. 

Perguntada sobre o significado da fala do presidente, ela disse que "soava como uma ameaça". 

"Fiquei chocada que um presidente dos Estados Unidos falasse dessa forma sobre um embaixador a um chefe de Estado, e era sobre mim."

 
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