Trump é condenado a pagar US$ 2 mi a instituições de caridade

Quantia é indenização por ele ter desviado fundos de sua própria entidade assistencial

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Alan Feuer
The New York Times

Um juiz estadual ordenou na quinta (8) que o presidente Donald Trump que pague US$ 2 milhões (R$ 8,2 mi) em indenização a organizações sem fins lucrativos. 

A condenação veio após o republicano ter admitido que usou dinheiro arrecadado pela Fundação Trump indevidamente para promover sua candidatura presidencial, pagar dívidas comerciais e comprar um retrato de si mesmo para um de seus hotéis.

Este foi o desfecho de uma batalha legal prolongada sobre a fundação, cuja gestão de doações se tornou um ponto polêmico durante a candidatura de Trump em 2016.

O procurador-geral de Nova York entrou com uma ação no ano passado acusando ele e sua família de usar a entidade como uma extensão de seus negócios e sua campanha presidencial.

O presidente norte-americano Donald Trump durante pronunciamento em Washington - Leah Millis/Reuters

O acordo, que foi finalizado no mês passado e anunciado na quinta-feira por ordem do juiz, incluiu uma admissão de má conduta rara para o presidente.

Trump admitiu em documentos judiciais que a instituição de caridade deu à sua campanha controle total sobre o desembolso dos US$ 2,8 milhões que a fundação havia levantado em uma arrecadação de fundos para veteranos em Iowa em janeiro de 2016, apenas alguns dias antes das indicações presidenciais do estado. O evento de arrecadação de verba, ele reconheceu, era na verdade um evento de sua campanha.

O presidente também assumiu que usou a entidade para liquidar as obrigações legais das empresas que possuía, incluindo Mar-a-Lago, seu clube privado na Flórida, e o Trump National Golf Club, no condado de Westchester, em Nova York.

Reconheceu ainda que a fundação comprou um retrato de US$ 10 mil de Trump, que foi exibido em um de seus hotéis na Flórida.

Embora tenha admitido as irregularidades, Trump atacou o que descreveu como "os ataques políticos do Estado de Nova York" em uma declaração publicada no Twitter na noite de quinta-feira.

Ele alegou que a fundação havia dado 100% dos fundos para grandes instituições de caridade e que ele sofreu quatro anos de assédio por motivação política pelo escritório do procurador-geral. 

Anunciada como o braço de caridade do império financeiro do presidente, a Fundação Trump fechou suas portas em dezembro, seis meses depois que a promotoria geral a processou, alegando que a entidade agia, na verdade, “como pouco mais que um talão de cheques para servir aos negócios e interesses políticos de Trump”.

O processo acusou a fundação de se envolver em "um padrão chocante de ilegalidade" que incluía a coordenação inadequada com a campanha presidencial de Trump em 2016. As instituições de caridade são proibidas por lei de promover os interesses próprios de seus executivos.

Como parte das negociações do acordo, o escritório do procurador-geral pediu à Justiça que proiba Trump de voltar a administrar uma instituição de caridade. Embora a juíza não tenha imposto tal proibição, ela impôs inúmeras restrições a Trump, caso ele tente estabelecer outra organização do tipo.

Os advogados de Trump concordaram em doar os ativos restantes da Fundação Trump, no valor de US$ 1,7 milhão, a um grupo de instituições de caridade que não têm conexão com o presidente ou sua família, entre as quais a Children's Aid Society, Citymeals on Wheels e o Museu do Holocausto dos EUA.

Os US$ 2 milhões em indenizações serão pagos aos mesmos grupos.

Ambos os lados concordaram que três dos filhos de Trump que eram oficiais da fundação —Donald Trump, Jr., Ivanka Trump e Eric Trump— serão submetidos a treinamento para garantir que não se envolvam em impropriedades semelhantes. Como membros do conselho da fundação, os filhos do presidente foram nomeados como réus no processo.

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