Descrição de chapéu Brexit

Boris quer proibir extensão do período de transição do brexit

Premiê quer travar o prazo em dezembro de 2020; críticos veem risco de saída sem acordo comercial

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Londres | AFP

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quer proibir por lei a possibilidade de o Reino Unido pedir à União Europeia (UE) uma extensão do período de transição pós-brexit além de dezembro de 2020.

Analistas e fontes europeias advertiram que esse prazo é muito curto para negociar um ambicioso tratado de livre comércio, o que motivou o retorno dos temores de que o Reino Unido deixe a UE e chegue a 2021 sem nenhum acordo comercial.

O premiê Boris Johnson durante primeira reunião com seus ministros desde a última eleição britânica
O premiê Boris Johnson durante a primeira reunião com seus ministros desde a última eleição britânica - Matt Dunham/Reuters

Essa perspectiva provocou nesta terça-feira uma desvalorização da libra esterlina, que às 9h30 (locais, 6h30 de Brasília) perdia 1,2%, após as fortes altas registradas em consequência da vitória eleitoral esmagadora de Boris na quinta-feira (12).

"Na semana passada, os britânicos votaram por um governo que faça o brexit e permita ao país avançar. E isto é exatamente o que temos a intenção de fazer nesta semana", afirmou um representante do governo britânico à agência de notícias AFP.

O programa eleitoral do Partido Conservador "afirmava claramente que não ampliaríamos o período de transição", completou.

Por esse motivo, a equipe de Boris está reescrevendo o projeto de lei que deve traduzir para a legislação britânica o Tratado de Retirada assinado com Bruxelas para proibir ao governo aceitar qualquer extensão, destacou.

O primeiro-ministro, que tem agora uma cômoda maioria parlamentar, apresentará o texto ao Parlamento na sexta-feira (20), mas a aprovação final deve ficar para depois do recesso de fim de ano, a tempo de cumprir com a nova data do brexit: 31 de janeiro.

O acordo de divórcio prevê um período de transição até 31 de dezembro de 2020 para evitar uma ruptura brutal e caótica para a economia. Durante esse período, as duas partes devem negociar sua futura relação comercial.

Se não houver acordo, passam a valer as regras padrões de comércio internacional estabelecidas pela OMC (Organização Mundial do Comércio), sem as vantagens tarifárias existentes hoje entre Reino Unido e UE, o que encareceria e dificultaria as transações.

Caso não consigam alcançar um acordo, o texto prevê a possibilidade de ampliar o período por até dois anos, mas para isso Londres deve apresentar o pedido até 1º de julho de 2020.

"O único modo de Boris alcançar o prazo de dezembro de 2020 é desistir de todas as promessas que fez aos apoiadores do brexit e concordar com todas as demandas da UE", disse Ed Davey, líder interino do partido Liberal Democrata, à BBC.

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