Chile recupera restos humanos e diz que não há sobreviventes em queda de avião

Aeronave desapareceu no mar de Drake com 38 pessoas a bordo

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Santiago | Reuters

A Força Aérea chilena recuperou nesta quinta (12) restos humanos enquanto buscava pelos destroços do avião que caiu no início da semana, a caminho da Antártica, com 38 pessoas a bordo. As autoridades também confirmaram que os destroços encontrados na quarta (11) são mesmo da aeronave.

"As condições dos destroços encontrados tornam praticamente impossível que alguém possa ter sobrevivido ao acidente", afirmou o diretor da Força Aérea, Arturo Merino, em entrevista para a imprensa com o ministro da Defesa, Alberto Espina, na base aérea de Punta Arenas.

Merino acrescentou que análises forenses serão feitas para confirmar a identidade das vítimas. Simultaneamente, um médico legista foi enviado à cidade para analisar o sangue dos familiares de quem morreu.

A aeronave desapareceu na segunda (9), pouco depois de decolar de Punta Arenas, no sul da Patagônia chilena. A rota até a base aérea Presidente Eduardo Frei Montalva, na Antártida, é conhecida pela instabilidade climática, ventos fortes e poucas opções para pousos de emergência.

Familiares das pessoas que estavam a bordo da aeronave chilena que caiu em direção à Antártica se reúnem na base aérea de Chabunco, no Chile, em meio às operações de resgate - Agencia Uno via Xinhua

Havia 21 passageiros e 17 tripulantes a bordo, incluindo 15 oficiais da Força Aérea chilena, três do Exército, dois funcionários da empresa privada de construção Inproser e um da Universidade de Magallanes.

Os profissionais que estavam no voo prestariam apoio logístico às instalações na base Eduardo Frei, a maior do Chile na Antártica. Estavam previstas manutenções no oleoduto de abastecimento da base e a realização de tratamentos anticorrosivos. A causa do acidente é desconhecida.

O avião ficou incomunicável pouco mais de uma hora após a decolagem. A comunicação foi cortada quando a aeronave sobrevoava o mar de Drake, entre o continente americano e a Antártida.

Essa rota náutica marca a união do oceano Pacífico com o Atlântico. Com cerca de 850 km de largura e uma profundidade de entre 3.500 e 4.000 metros, tem ventos que podem ultrapassar os 100 km/h. Entre dezembro e fevereiro, são geradas no local ondas de até 15 metros de altura.

O avião que caiu é do modelo Hércules C-130, considerado um dos mais seguros do mundo. Apesar de ter quatro motores, a aeronave foi projetada para conseguir operar mesmo com apenas um deles em funcionamento. 

Condições climáticas extremas, incluindo nuvens baixas, ventos fortes e ondas maciças dificultaram os esforços de busca imediatamente após o desaparecimento do avião, mas na tarde de quarta (11) um navio da Marinha do Brasil e outro do Chile encontraram itens pessoais e destroços compatíveis com a aeronave militar.

Os itens foram localizados 30 km ao sul da posição do último contato feito pela aeronave, às 18h13 de segunda. Cerca de 15 aviões e cinco embarcações de diferentes tamanhos e nacionalidades participavam da operação de busca, um dos mais seguros da Força Aérea do Chile.

No total estão mobilizadas 285 pessoas da Força Aérea chilena, 286 da Marinha do mesmo país e 69 de agentes internacionais, provenientes de Argentina, Uruguai, Brasil e EUA. A legislação chilena estabelece um prazo inicial de seis dias, prorrogável por mais quatro dias, para as tarefas mais intensas de busca.

O papa Francisco enviou uma mensagem de apoio aos chilenos após o desaparecimento do avião, enquanto os familiares das vítimas se dirigiam à cidade de Punta Arenas para esperar os resultados das buscas.​

Erramos: o texto foi alterado

Uma versão anterior desta reportagem informava que o mar de Drake tem entre 3.500 e 4.000 quilômetros de profundidade. O correto é metros. O texto foi corrigido.

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