China anuncia sanções contra navios da Marinha dos EUA e ONGs que atuam em Hong Kong

Medida é resposta a gestos de Donald Trump a favor de manifestantes que questionam governo chinês

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Pequim | AFP

A resposta não demorou. Três dias após o anúncio de represálias contra o apoio dos Estados Unidos aos manifestantes de Hong Kong, a China aplicou sanções nesta segunda-feira (2) à Marinha e a várias associações americanas. 

Pequim anunciou a suspensão imediata das autorizações de escala dos navios de guerra americanos na ex-colônia britânica, devolvida à China em 1997.

Desde então, embarcações americanas costumavam atracar em Hong Kong de forma rotineira.

A embarcação USS Lassen, da Marinha dos EUA, no Oceano Pacífico
A embarcação USS Lassen, da Marinha dos EUA, no Oceano Pacífico - John Hageman - 27.out.15/Marinha dos EUA/Reuters

Em agosto passado, Pequim já havia bloqueado duas escalas de navios americanos, segundo a Marinha dos EUA. A última visita de embarcações das Forças Armadas dos EUA a um porto de Hong Kong foi em abril, antes da eclosão da onda de protestos no território, em junho. 

A região semiautônoma, que possui leis diferentes do resto da China, registra confrontos nas ruas entre manifestantes e polícia quase todas as semanas desde então. 

Além do veto naval, o governo chinês imporá "sanções às ONGs que se comportaram mal" em Hong Kong, anunciou Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, sem dar detalhes.

Entre essas ONGs aparecem organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch e a Freedom House.

Na semana passada, o regime comunista anunciou que adotaria medidas de represália depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promulgou uma lei sobre os direitos humanos e a democracia em Hong Kong.

O texto abre caminho para a suspensão do status econômico especial que Washington dá à ex-colônia britânica caso os direitos dos manifestantes não sejam respeitados. 

Trump também aprovou uma medida para proibir a venda de material destinado a repressão pela polícia de Hong Kong. Pequim considera essas decisões uma interferência nos assuntos internos do país.

"Operacionalmente, do ponto de vista militar, [o veto] não muda grande coisa para os Estados Unidos", declarou à agência de notícias AFP Michael Raska, especialista em questões de defesa da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura.

Politicamente, a decisão de Pequim demonstra que "a tensão entre China e Estados Unidos continuará aumentando", previu.

Para o especialista Michael Cole, do Global Taiwan Institute de Taipé, a medida é, antes de tudo, simbólica, mas ilustra "a escalada de represálias que envenena a relação" entre ambas as potências.

A divergência sobre Hong Kong soma-se à guerra comercial e tecnológica travada há um ano e meio. 

Até agora, Pequim resistiu a misturar os dois assuntos e a suspender as negociações, que atualmente estão concentradas sobre um acordo preliminar no âmbito comercial.

Caso esse acordo não seja alcançado, novos aumentos de tarifas mútuas poderão ser implementados a partir de 15 de dezembro.

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