Fernández ataca jornalista por reportagem sobre corrupção envolvendo colaborador

Advogado que trabalha com presidente eleito em faculdade estaria praticando tráfico de influência

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Buenos Aires

​O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, atacou um jornalista em suas redes sociais e o alertou que, em sua gestão, não existiriam mais “operadores midiáticos”.

O líder argentino, que assumirá o cargo no dia 10, insinuou que o repórter tenha agido com fins políticos ao mencionar uma pessoa próxima a ele em um caso de corrupção sobre o qual o jornalista reportava.

O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández - Mariana Greif - 14.nov.19/Reuters

Trata-se de Hugo Alconada Mon, o mais importante repórter investigativo do país.

No domingo, o jornalista revelou no diário La Nación que Adrián Rois, advogado que trabalha com Fernández na faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires, estaria praticando tráfico de influência ao defender a Creditiba, entidade investigada por lavagem de dinheiro.

Fernández, fora de seu tom moderado, publicou duas mensagens em suas redes sociais. 

“Em minha vida acadêmica, trabalhei com advogados que exercem sua profissão. Alconada Mon sabe que, neste trabalho (como professor universitário), sou totalmente alheio. É miserável atribuir a mim que esteja movendo influências em casos como este. Não vou suportar em silêncio a difamação que foi feita chamando isso de jornalismo.”

Depois, acrescentou: “Na Argentina que vamos construir com todos e todas vão acabar os operadores judiciais, os operadores midiáticos e os juízes e promotores que operam para poderes midiáticos, corporativos ou políticos sem atuar de modo justo como devem. Saiba disso, [Alconada Mon]”.

A Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (Adepa) criticou as manifestações do presidente eleito.

Afirma que “é direito de qualquer pessoa exercer sua réplica diante de uma publicação jornalística, mas não [é correto] usar termos desqualificadores para definir um profissional apenas por não estar de acordo com o que ele publica”.

O órgão acrescentou que a declaração “tem efeito intimidatório e estigmatizante em relação ao jornalismo e a liberdade de expressão que não pode ser ignorado”.

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