Descrição de chapéu Coreia do Norte

Kim Jong-un ameaça abandonar acordo com EUA e retomar testes nucleares

Trump disse acreditar que líder norte-coreano é um homem de palavra e que honrará seus compromissos

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Seul | AFP e Reuters

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou nesta terça (31) —quarta-feira, dia 1º, na Coreia do Norte— que o país não se sente mais obrigado a manter a moratória de testes de armas nucleares e de mísseis balísticos de longo alcance, de acordo com a televisão estatal norte-coreana, a KCNA. 

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un durante uma conferência partidária
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, durante uma conferência partidária - KCNA/AFP

“Não há mais base para mantermos unilateralmente o vínculo com esse compromisso", disse.

Kim, que esteve em uma reunião de quatro dias com membros do Partido Trabalhador, também afirmou que vai apresentar ao mundo uma "nova e estratégica arma" no futuro próximo, sem dar detalhes sobre o projeto. 

O líder já havia afirmado que iria buscar um "novo caminho" se Washington não atendesse às suas demandas. 

A Coreia do Norte não realiza testes de mísseis de longo alcance ou nucleares há mais de dois anos, com a esperança de reverter as sanções americanas sobre o país e exigências do programa de desnuclearização. 

"Não há mais motivos para a Coreia do Norte se comprometer com a suspensão do programa nuclear e dos testes de míssil balístico intercontinental, já que os Estados Unidos continuaram exercícios militares com a Coreia do Sul, possuem armas de ponta e impõem sanções com ‘exigências de gângsteres’", disse Kim.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, respondeu que espera que o líder "siga um caminho diferente". "Temos esperança de que o líder Kim tome a decisão certa —ele escolherá a paz e a prosperidade em vez de conflitos e guerras."

Nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que acredita que o líder norte-coreano honrará seus compromissos. "Assinamos um contrato falando sobre desnuclearização. Acho que ele é um homem de palavra."

Apesar das declarações, o líder norte-coreano ainda deixou espaço para o diálogo e afirmou que o "escopo e a profundidade" dos próximos passos serão "adequadamente coordenados", dependendo da atitude dos Estados Unidos.

As tensões entre os países aumentaram com a proximidade do prazo de um ano, dado pela Coreia do Norte, para que Washington mude sua proposta unilateral de desnuclearização e faça um levantamento parcial das sanções econômicas impostas ao país asiático.

Os Estados Unidos, porém, não responderam aos pedidos de concessões e afirmaram que o prazo da negociação era artificial.

O acordo entre Trump e Kim foi feito em junho de 2018, em um documento comum no qual o dirigente norte-coreano se comprometeu com uma desnuclearização completa da península Coreana. Os dois líderes se encontraram mais duas vezes na tentativa de fazer valer o acordo. 

Sem o tradicional discurso

Kim não fez seu discurso de Ano-Novo nesta quarta-feira, tradição herdada de seu avô, Kim Il Sung, fundador da República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Segundo analistas, o silêncio pode ser uma maneira de evitar admitir erros em sua política diplomática com Washington. 

O texto completo do discurso sempre foi publicado no jornal oficial Rodong Sinmun. Neste ano, porém, a televisão oficial norte-coreana não transmitiu o discurso, nem de manhã nem ao meio-dia. 

Em vez disso, a emissora mostrou o líder norte-coreano lendo um longo discurso na sessão plenária do comitê central do Partido dos Trabalhadores. 

Park Won-gon, professor de estudos internacionais na Universidade Handong, na Coreia do Sul, estimou que essa mudança de formato talvez tenha sido realizada para evitar críticas.

"Há uma enorme diferença entre fazer um discurso de Ano-Novo com sua própria voz e anunciar o que foi decidido em sessão plenária", disse. "Quando ele faz um discurso, isso significa que ele é endereçado diretamente aos cidadãos norte-coreanos, além do mundo exterior."

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