Descrição de chapéu The New York Times

Após perder título de Miss Ucrânia, mãe divorciada entra na Justiça para denunciar discriminação

Pelas regras do concurso, Veronika Didusenko deveria ser solteira e não ter filho

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Iliana Magra
Londres | The New York Times

Durante quatro dias em 2018, Veronika Didusenko foi aclamada a mulher mais bonita da Ucrânia.

Mas não era tão simples assim. Quando os organizadores da competição Miss Ucrânia descobriram que ela era divorciada e tinha um filho, retiraram seu título —e o prêmio em dinheiro de US$ 12 mil— dizendo que ela tinha violado as regras.

Agora, Didusenko, 24, está processando a organização Miss Universo, à qual a competição ucraniana é afiliada, dizendo que os requisitos para inscrição —incluindo que as competidoras sejam solteiras e sem filhos— são uma forma de discriminação.

Veronika Didusenko - @VDidusenko no Twitter

Didusenko anunciou a ação legal em um post no Instagram nesta semana, escrevendo que a política de inscrição operada pelo Miss Mundo é "discriminatória por vários motivos, como estado civil, gravidez e maternidade". No post, ela acrescentou que só queria mudar as regras, e não ser coroada Miss Ucrânia de novo.

A organização do Miss Universo disse em comunicado na quarta-feira (4) que Didusenko foi desclassificada porque "deu informações falsas em sua inscrição".

Didusenko reconheceu em uma mensagem privada no Instagram na quarta-feira que não revelou o fato de que era mãe quando entrou na competição na Ucrânia. Mas negou ter mentido, dizendo que estava solteira na época e que não havia opção no formulário de inscrição on-line para divulgar que era divorciada e tinha um filho.

O site lista os requisitos, incluindo não apenas as regras sobre estado civil e falta de filhos, mas também restrições de idade e altura e a exigência de "não ter maus hábitos".

Didusenko afirmou que havia entrado no concurso para promover uma instituição de caridade na qual trabalha, que ajuda órfãos. Ela disse que nunca pensou que fosse ganhar e ficou chocada quando recebeu o título, em setembro de 2018.

A vitória durou apenas quatro dias. Quando os organizadores do Miss Ucrânia souberam que ela era mãe, telefonaram para Didusenko para confirmar.

"Claro, eu disse que sim", explicou Didusenko, cujo filho tem cinco anos hoje.

Em uma declaração por e-mail na quarta-feira, Yuri Ageiev, chefe do comitê do Miss Ucrânia, disse que Didusenko havia concordado com as regras. Ele afirmou que a agenda movimentada da vencedora não é adequada para mulheres com filhos porque "pode afetar negativamente a educação de uma criança pequena, que será privada do amor de sua mãe".

O Miss América também exige que as participantes sejam solteiras e sem filhos.

O Miss Universo disse em sua declaração sobre Didusenko que as regras foram definidas com o objetivo de encontrar uma vencedora "que seja livre e capaz de se comprometer, frequentemente com pouco tempo de aviso, a viajar globalmente em apoio aos doentes e desfavorecidos, que podem durar longos períodos, geralmente para áreas devastadas por desastres naturais".

Didusenko respondeu que esses argumentos não são convincentes. "Imagine que você é Serena Williams e vai jogar em Wimbledon, quando de repente percebe que o critério de entrada proíbe que mães participem dos jogos. Parece chocante."

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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