Descrição de chapéu The New York Times

Quem é o melhor para vencer Trump? 7 respostas de 7 democratas

No debate democrata em Los Angeles, candidatos circularam em torno da palavra 'elegibilidade'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | The New York Times

senadora Elizabeth Warren afirmou que os democratas derrotariam o presidente Donald Trump se "traçassem uma nítida distinção" com o que ela chamou de corrupção do governo —e sugeriu que a ampla arrecadação de fundos do prefeito Pete Buttigieg minaria sua capacidade de fazer isso.

Buttigieg disse que seu partido mal pode se dar ao luxo de aceitar tais "testes de pureza" em uma disputa contra Trump.

E a senadora Amy Klobuchar foi ainda menos sutil, citando repetidamente suas raízes interioranas para argumentar que os democratas só poderiam ganhar se colocassem alguém do Meio-Oeste do país como ela "na cabeça da chapa", lembrando que Buttigieg foi solidamente derrotado em sua única disputa estadual, em Indiana.

O ex-vice presidente Joe Biden, à esq., e os senadors Bernie Sanders e Amy Klobuchar durante debate democrata realizado em Los Angeles
O ex-vice presidente Joe Biden, à esq., e os senadors Bernie Sanders e Amy Klobuchar durante debate democrata realizado em Los Angeles - Mike Blake - 19.dez.19/Reuters

Em Washington, aqueles que fazem da política uma vocação ou uma distração estão consumidos pelo impeachment de Trump na semana passada, a marcação de um "I" escarlate em seu mandato.

Mas do outro lado do país, no palco do debate democrata em Los Angeles, os candidatos circulavam em torno de uma vogal diferente e de uma palavra diferente —a palavra "E". Como em: "elegibilidade".

Ou melhor, qual dos possíveis candidatos pode expulsar Trump da Casa Branca no próximo ano, agora que está claro que os senadores republicanos não darão os votos para condená-lo?

Não é que os democratas estivessem ignorando esse assunto de difícil consenso. A questão de quem tem a melhor chance de vencer Trump paira sobre a primária desde o início.

A parte complicada de convencer o eleitorado democrata, obviamente, é que diferentes candidatos estão oferecendo visões muito divergentes de como fazer isso.

Durante quase duas horas e meia, no palco da Universidade Loyola Marymount, eis como os cinco homens e duas mulheres que se qualificaram para o debate defenderam sua tese de elegibilidade. 

Joe Biden, ex-vice-presidente

O argumento de Biden sobre ser o candidato mais elegível é cada vez menos o subtexto de sua campanha —é o próprio texto.

Mas foi somente na parte final do debate que ele disse que os democratas precisam ter consciência de quem pode vencer —e trazer algumas figuras importantes para garantir que o partido recupere o Senado.

"Quem tem a melhor chance, a mais provável, de derrotar Donald Trump, quem tem a maior probabilidade de fazer isso?", perguntou ele, antes de continuar: "Quem pode ajudar a eleger democratas para o Senado dos Estados Unidos em Estados como Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e outros?".

Na maior parte da noite, porém, Biden evitou afirmar por que seria ele o democrata com maior probabilidade de derrotar Trump. 

Em vez disso, alardeou seu conhecimento das relações exteriores e se gabou de que está há quase meio século na política. "Com a minha experiência vem o bom julgamento e um pouco de sabedoria", disse.

Biden teve um de seus melhores desempenhos em debate na quinta-feira, em parte porque conseguiu fazer um discurso sucinto de sua viabilidade —e ainda mais porque assistiu a dois de seus rivais mais ameaçadores em Iowa, Buttigieg e Warren, emaranharem-se.

 

Bernie Sanders, senador

Sanders não costuma defender a tese de sua elegibilidade. Ele é mais treinado para delinear sua visão de "uma revolução política".

Mas no debate o socialista-democrata disse que a melhor oportunidade que os democratas têm de ganhar no próximo ano é energizando novos eleitores.

"Vamos falar sobre como vencemos uma eleição, algo que todo mundo aqui quer fazer em termos de derrotar o presidente mais perigoso da história americana", disse ele. 

"Então, deixem-me dizer como se vence: tendo a maior participação de eleitores na história dos EUA. E você não tem a maior participação de eleitores se não criar energia e entusiasmo."

Era o Sanders clássico —afirmando que os democratas vencem mobilizando os eleitores progressistas, em vez de persuadir os moderados—, e surgiu em um debate no qual ele passou repetidamente sua mensagem populista.

 

Elizabeth Warren, senadora

Warren tem aumentado constantemente suas críticas a Buttigieg e, no debate, ela o confrontou por arrecadar dinheiro em um evento "numa adega de vinho cheia de cristais".

"Bilionários em adegas de vinho não devem escolher o próximo presidente dos Estados Unidos", disse ela, argumentando que os democratas deveriam rejeitar grandes contribuintes.

E Warren sugeriu que a arrecadação de fundos de Buttigieg poderia comprometê-lo, no que foi o conflito mais aguçado do debate.

"Se você não consegue se levantar e dar os passos que são relativamente fáceis, não consegue enfrentar os ricos e bem conectados quando é relativamente fácil, quando você é candidato, então como o povo americano pode acreditar que você vai enfrentar os ricos e bem conectados quando for presidente?"

Sua ofensiva contra o prefeito representou o reconhecimento de que ela precisava ganhar terreno contra ele em Iowa —e que os eleitores democratas podem estar desconfortáveis com um candidato que passa algum tempo naquela adega de vinho.

 

Pete Buttigieg, prefeito de South Bend, Indiana

Depois de chegar ao topo das pesquisas em Iowa, Buttigieg finalmente se viu atacado em um debate.

Ele tentou neutralizar os ataques argumentando que seus críticos estavam sendo ingênuos sobre o que seria necessário para derrotar Trump, e que ele era um candidato mais formidável do que sua idade —37— poderia sugerir.

"Esta é a nossa única chance de derrotar Donald Trump, e não devemos fazê-lo com uma mão amarrada nas costas", disse Buttigieg em resposta às críticas de Warren sobre suas práticas de captação de recursos.

E quando Klobuchar o mirou por perder uma eleição estadual e sua candidatura a presidente do Comitê Nacional Democrata, ele revidou, destacando sua própria capacidade de vencer no Meio-Oeste.

"Se você quer falar sobre capacidade de vencer, tente formar uma coalizão para trazê-lo de volta ao cargo com 80% dos votos como um cara gay na cidade de Mike Pence em Indiana", disse Buttigieg.

Ele provou sua destreza ao conter os ataques, mas a questão agora é se pode sustentar sua vantagem depois de terem levantado dúvidas sobre sua candidatura de maneira tão severa.

A senadora Amy Klobuchar durante debate de pré-candidatos democratas à Presidência, em Los Angeles
A senadora Amy Klobuchar durante debate de pré-candidatos democratas à Presidência, em Los Angeles - Frederic J. Brown - 19.dez.19/AFP

Amy Klobuchar, senadora

Klobuchar não teve rival em relação ao argumento da elegibilidade.

Ela recorreu a suas raízes no Meio-Oeste com frequência, argumentando que ganhar com folga, como disse ser capaz, seria a única maneira de enfrentar as mudanças climáticas.

Vangloriou-se de sua capacidade de conquistar eleitores rurais e suburbanos e atacou Buttigieg, destacando suas disputas perdidas.

"Deveríamos ter alguém encabeçando esta chapa que realmente ganhou e foi capaz de mostrar que pode obter o apoio do qual vocês falam, com republicanos moderados e independentes, além de uma base democrata entusiasmada, e que não fez isso apenas uma vez", disse ela, citando suas três vitórias estaduais.

Mesmo para Klobuchar, que sempre declarou por que se considera a melhor equipada para derrotar Trump, foi uma ilustração impressionante do grau em que os candidatos mais moderados afirmam acreditar que os eleitores estão tomando decisão com base na percepção de viabilidade.

E isso ecoou o novo anúncio que ela está publicando em Iowa, onde ou surgirá como uma alternativa mediana feliz para o velho Biden e o jovem Buttigieg ou verá suas esperanças frustradas.

"Eu sei o que é preciso para vencer no Meio-Oeste", diz Klobuchar no anúncio. "Não é uma região de passagem para mim —é meu lar."

O pré-candidato democrata Andrew Yang durante debate em Los Angeles
O pré-candidato democrata Andrew Yang durante debate em Los Angeles - Justin Sullivan - 19.dez.19/Getty Images/AFP

Andrew Yang, empresário

Yang talvez tenha dito a melhor frase da noite. Ou pelo menos a mais autoconsciente.

"Eu sei o que você está pensando, América: como ainda estou neste palco com eles?", disse em sua declaração final.

Então seguiu para seu tema típico —criar uma renda básica universal para todos os americanos—, como fez em todos os debates.

É improvável que seja o suficiente para lhe conseguir uma indicação presidencial, mas poderia aumentar sua probabilidade nos primeiros Estados que indicam candidatos, como as campanhas rivais que desistiram jamais esperaram.

O bilionário Tom Steyer durante o debate entre pré-candidatos democratas em Los Angeles
O bilionário Tom Steyer durante o debate entre pré-candidatos democratas em Los Angeles - Mike Blake - 19.dez.19/Reuters

Tom Steyer, ex-gerente de fundos hedge

Steyer, um bilionário, continua nos debates graças à sua forte publicidade autofinanciada. Mas ele reconhece claramente que deve apresentar uma razão mais precisa de por que deve ser o candidato.

"Minha experiência em construir uma empresa, entender como fazer isso acontecer, significa que posso enfrentar Trump e derrubá-lo sobre economia e expô-lo como uma fraude e um fracasso", afirmou ele.

"E acho que sou diferente das outras pessoas neste palco. Acho que precisamos de uma maneira diferente e não convencional de atacar um presidente diferente e não convencional."

Mas Steyer corre o risco de ser abafado pelo barulho dos comerciais de TV sendo exibidos por um autofinanciado ainda mais rico, que não estava no palco, mas está subindo lentamente nas pesquisas: Michael Bloomberg.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.