Rússia anuncia entrada em serviço de mísseis hipersônicos

Regimento Avangard tem alcance intercontinental e pode atingir velocidade 27 vezes maior que a do som

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Moscou e São Paulo | AFP

O exército russo anunciou nesta sexta-feira (27) a entrada em serviço de seu primeiro regimento de mísseis hipersônicos Avangard. 

Os mísseis têm alcance intercontinental e são capazes de atingir alvos em qualquer lugar do mundo, além de, teoricamente, superarem todos os sistemas antimíssil existentes, de acordo com Moscou.

Presidente russo Vladimir Putin visita o centro de defesa nacional, em Moscou, para supervisionar o teste de lançamento do míssil hipersônico Avangard
Presidente russo Vladimir Putin visita o centro de defesa nacional, em Moscou, para supervisionar o teste de lançamento do míssil hipersônico Avangard - Mikhail Klimentyev/Sputnik/AFP

Putin já havia anunciado mais cedo nesta semana, na terça (24), durante reunião com a cúpula militar russa, que o primeiro regimento do planador hipersônico entraria em serviço ainda neste ano. 

 
Na ocasião, o presidente russo também destacou que nenhum outro país possui esta tecnologia, o que coloca o país na liderança da corrida dos mísseis hipersônicos. As novas armas desenvolvidas por Moscou foram classificadas pelo presidente como "praticamente invencíveis".

Embora analistas militares sejam cautelosos com tais anúncios, tanto por serem dificilmente verificáveis quanto por Putin ser um mestre do marketing político e da retórica triunfalista, é consenso que, de fato, a Rússia está à frente dos Estados Unidos e da China, que também desenvolvem esse tipo de armamento. 

O Avangard pode atingir velocidade 27 vezes maior que a do som e percorrer mais de 33 mil quilômetros por hora. Ele também é capaz de mudar de rumo e altitude durante as operações, de acordo com Moscou. 

O anúncio ocorre depois que Moscou e Washington suspenderam a participação no tratado bilateral de desarmamento INF, datado da Guerra Fria, que previa a eliminação de mísseis balísticos —mas não se aplicava a lançamentos por via aérea ou marinha.  

 
O Pentágono já alertou o Congresso americano que, se forem verdadeiras as poucas especificações disponíveis sobre o Avangard, os atuais sistemas antimísseis realmente não terão como impedir um eventual ataque.

Também está em questão o futuro do tratado START, para a redução de arsenais nucleares, que expira em 2021.

A Rússia acusa os Estados Unidos de tentar romper com os tratados existentes, a fim de levar Moscou ao "esgotamento econômico por uma nova corrida armamentista", na qual assegura que não deseja embarcar.

No entanto, a própria Rússia multiplicou os anúncios nesse sentido. Por exemplo, a declaração de que deseja adaptar dentro de dois anos seus sistemas marinhos Kalibr, usados pela primeira vez em 2015, na Síria, em variante terrestre.

O exército russo sofreu vários acidentes este ano, decorrentes deste novo momento de corrida armamentista. Em agosto, houve uma explosão que matou cinco engenheiros nucleares numa base flutuante da Marinha do país no Ártico, liberando pequena quantidade de radiação.

Tudo indica que foi a explosão de um reator experimental de outra arma, o míssil de cruzeiro Burevestnik (russo para a ave marinha petrel). 

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