Seis morrem em protestos na Índia, e governo bloqueia internet na capital

Dia foi o mais violento no país desde o início da atual onda de atos contra nova lei de cidadania

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Nova Déli e Lucknow (Índia) | Reuters

Ao menos seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta sexta-feira (20) durante confrontos entre policiais e manifestantes na Índia. Foi o dia mais violento na atual onda de protestos contra uma nova lei de cidadania, acusada de discriminar muçulmanos. 

O governo também bloqueou a internet na capital, Nova Déli, em uma tentativa de conter os atos, que continuam se espalhando por diferentes partes do país. 

Após moto ser incendiada, manifestantes jogam pedras em policiais durante protesto na cidade de Kanpur, no estado de Uttar Pradesh
Após moto ser incendiada, manifestantes jogam pedras em policiais durante protesto na cidade de Kanpur, no estado de Uttar Pradesh - AFP

O bloqueio atingiu diferentes pontos da cidade e tinha como objetivo dificultar que manifestantes conseguissem organizar atos contra o premiê Narendra Modi

Segundo a ONG americana Access Now, a Índia é o país que mais bloqueia a internet no mundo —são 373 casos desde 2012 (o levantamento não leva em conta países que restringem o acesso à rede de maneira frequente, como China e Coreia do Norte). Mas essa foi a primeira vez que o bloqueio atingiu a capital.

Desde o início da atual onda de protestos, na semana passada, já tinham sido registrados bloqueios nos estados de Assam, Tripura, Meghalaya, Arunachal Pradesh, Bengala Ocidental, Karnataka e Uttar Pradesh. 

Além disso, a internet tinha sido suspensa por mais de quatro meses no estado de Jammu e Caxemira depois que Modi decidiu intervir na região e retirou a autonomia do governo local em agosto.    

A interrupção da internet, porém, não tem impedido os atos contra o governo. Em Nova Déli, cerca de 6.000 manifestantes protestaram aos gritos de "removam Modi" próximos a uma mesquita nesta sexta, desafiando uma ordem do governo que proibiu atos na região. 

O grupo entrou em confronto com a polícia e com grupos paramilitares, e 34 pessoas foram presas. 

Os maiores registros de violência aconteceram em Uttar Pradesh, o estado mais populoso do país e palco crescente de tensão entre a maioria hindu e a minoria muçulmana. 

Além das seis mortes, a polícia local confirmou que 32 pessoas ficaram feridas e 144 foram presas nos confrontos em diferentes cidades do estado.

Em diversos locais, os manifestantes ergueram barricadas nas ruas e jogaram pedras nos policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. 

Os protestos questionam a nova lei de cidadania, aprovada no último dia 11. Segundo ela, membros de grupos religiosos, como hindus e cristãos, vindos de vizinhos como Bangladesh, Paquistão e Afeganistão e que se estabeleceram na Índia antes de 2015, poderão pleitear cidadania por causa da perseguição nos seus lugares de origem.

Mas a lei não oferece a mesma proteção para muçulmanos, 14% da população da Índia. Críticos afirmam que o governo de Modi, um nacionalista hindu, ameaça a tradição secular do país. 

Apesar dos confrontos violentos, o governo afirma que não revogar a nova lei.  

Desde o início dos protestos na semana passada, 13 pessoas já morreram nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança —a polícia disse que não disparou contra a população civil. 

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