Sem formar governo, Israel deve ter 3ª eleição em menos de um ano

Prazo para nomeação de premiê expira nesta semana; novo pleito deve ser em 2 de março

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Jerusalém | Reuters

Israel está em vias de convocar a terceira eleição em menos de um ano. Diante da impossibilidade de formar uma coalizão para governar, os dois maiores partidos do país concordaram nesta segunda (9) em convocar para 2 de março um novo pleito.

O prazo para que o Parlamento nomeie um novo primeiro-ministro expira na quarta (11), após 21 dias de negociações. O Legislativo será então dissolvido, abrindo caminho para as novas eleições.

Nem o partido de direita Likud, de Binyamin Netanyahu, nem o partido centrista Azul e Branco, liderado por seu principal rival, o ex-chefe militar Benny Gantz, conquistaram assentos suficientes no Parlamento para uma maioria governista nos dois pleitos anteriores (em abril e em setembro).

O premiê Binyamin Netanyahu em Jerusalém - Ronen Zvulun/Reuters

Após vencer as eleições de abril, Netanyahu negociou com outras siglas a formação de um governo. As conversas, porém, fracassaram, e ele foi obrigado a convocar uma nova votação. 

O Likud ficou em segundo lugar nas eleições de setembro, mas, por ter mais apoio de outros partidos, foi o primeiro a tentar formar governo, sem conseguir um acordo final. Seu rival também falhou na tarefa.

Cogitou-se a possibilidade de um governo de "unidade nacional", no qual Netanyahu e Gantz se revezariam como premiê, mas essa ideia não foi para a frente pois seus respectivos partidos discordam sobre quem serviria primeiro e por quanto tempo.

Para evitar o terceiro pleito, alguns parlamentares teriam que mudar de lado para se juntar a Gantz ou a Netanyahu. Nas últimas semanas, contudo, nenhum deputado deu sinais de mudança, e é pouco provável que isso aconteça nas próximas 48 horas.

A data de 2 de março seria oito dias antes da estipulada inicialmente —10 de março— e, por ser em uma segunda-feira, altera o fato de que as eleições em Israel são sempre realizadas numa terça, o que está definido em lei. Uma emenda constitucional será necessária para permitir a alteração, que deve ser votada ainda nesta semana.

Estima-se que a realização de um novo pleito custará US$ 750 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões) aos cofres públicos, cifra próxima a um terço do déficit fiscal israelense.

O anúncio vem dias após a mais grave crise da carreira política de Netanyahu: o procurador-geral de Israel o indiciou por corrupção, recebimento de propina, fraude e quebra de confiança em meados de novembro.

É a primeira vez que um premiê israelense é indiciado no exercício do cargo, e Netanyahu disse que não vai renunciar, chamando a acusação de "tentativa de golpe" e de "caça às bruxas". Como primeiro-ministro, Netanyahu não tem nenhuma obrigação legal de se demitir após a acusação.

Ocupando o cargo desde 2009, Netanyahu, 70, também exerceu a função entre 1996 e 1999. Na última década, ele dominou a política israelense e foi o principal responsável pela virada mais à direita do país.

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