Ucrânia troca prisioneiros com separatistas pró-Rússia, incluindo um brasileiro

Rafael Lusvarghi, preso por lutar do lado russo, teria sido libertado

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Odradivka (Ucrânia) e Kiev | AFP e Reuters

As autoridades ucranianas e os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia trocaram neste domingo (29) 196 prisioneiros —a operação representa uma desescalada no único conflito armado ativo da Europa.

"É maravilhoso, estou muito feliz", disse à imprensa o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, após receber os prisioneiros libertados no aeroporto de Boryspil, perto de Kiev.

A troca "corria o risco de fracassar a cada segundo", acrescentou Zelenski, reconhecendo que muitos ucranianos continuam detidos na Rússia e na Crimeia, península ao sul da Ucrânia anexada por Moscou em 2014.

Oficial ucraniano é recepcionado por parentes no aeroporto de Boryspil, próximo a Kiev - Ukrainian Presidential Press Service/Handout via Reuters

Mas o gesto deve ajudar a criar confiança entre os dois lados, que estão discutindo sobre como implementar um acordo de paz após a morte de mais de 13 mil pessoas em um conflito que começou há cinco anos, semanas depois de a Rússia anexar a Crimeia.

Junto com o Zelenski, vários familiares receberam com flores e balões 76 ucranianos libertados —12 militares e 64 civis—, incluindo dois jornalistas colaboradores do serviço ucraniano da rádio americana RFE/RL, Stanislav Aseiev e Oleg Galaziuk, detidos havia dois anos.

"Dizer que estou contente é pouco", afirmou Ievguen, de cerca de 20 anos. "Sabia que voltaria para a Ucrânia e que voltaria a ser livre", acrescentou, após chegar ao aeroporto onde muitos familiares choravam e se abraçavam.

Quatro prisioneiros soltos a pedido de Kiev decidiram ficar na zona separatista para encontrar suas famílias.

Por sua parte, os separatistas pró-Rússia das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk disseram às agências de notícias russas que receberam respectivamente 120 de seus prisioneiros, incluindo cidadãos russos e um brasileiro.

O brasileiro não teve sua identidade confirmada, mas segundo o jornal russo Novaya Gazeta seria Rafael Lusvarghi, preso por lutar com rebeldes pró-Rússia. Ele foi capturado por nacionalistas ucranianos escondido em um mosteiro de Kiev, em maio do ano passado.

Quatorze pessoas que foram libertadas a pedido dos rebeldes decidiram ficar no território sob controle de Kiev, segundo as autoridades ucranianas.

Tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto a chanceler alemã, Angela Merkel —que mediaram as negociações de paz na França, no início de dezembro—, celebraram a "troca positiva de detidos", segundo comunicado da presidência russa.

De acordo com Berlim, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, que também defendeu a aproximação, teriam celebrado este "gesto humanitário" que servirá para "restabelecer a confiança" entre as partes.

A embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia elogiou o intercâmbio em uma rede social, reconhecendo que "a agressão contínua da Rússia deixa a liderança da Ucrânia com opções difíceis".

O líder dos rebeldes de Lugansk, Leonid Passechnik, comemorou "uma nova vitória" em um tuíte. Os últimos libertados pelos pró-russos desceram do ônibus aos gritos de "Glória à Ucrânia!", segundo jornalistas da AFP no local.

Esta é a primeira troca direta entre beligerantes desde dezembro de 2017. Naquela ocasião, a Ucrânia entregou cerca de 300 cativos em troca de cerca de 70 pessoas.

Em setembro, a Rússia e a Ucrânia também trocaram dezenas de prisioneiros.

As relações entre os dois países também mostraram sinais de melhora em outras áreas, como no setor de gás, onde Kiev e Moscou estão discutindo novos contratos.

O ex-comediante Volodimir Zelenski obteve uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais em abril, prometendo encerrar o conflito e trazer prisioneiros para casa.

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