Descrição de chapéu Venezuela

Maduro pede que Brasil entregue militares suspeitos de ataque

Governo brasileiro informou que grupo solicitará refúgio em Roraima

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Brasília e São Paulo | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu neste sábado (28) que o Brasil entregue cinco militares venezuelanos localizados na fronteira, os quais acusou de atacar um destacamento das Forças Armadas, qualificando-os de "terroristas". 

Os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores do Brasil, no entanto, sinalizaram que não atenderão ao pleito. Eles informaram mais cedo neste sábado que os venezuelanos foram encaminhados para a Operação Acolhida, “onde iniciarão os procedimentos para a solicitação de refúgio, a exemplo de outros militares venezuelanos em situação similar”.

O pedido de Maduro ocorreu horas após seu ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, afirmar que Caracas havia iniciado os trâmites diplomáticos a fim de solicitar ao Brasil a entrega dos militares, que foram detidos em Roraima na quinta-feira (26).

Segundo os dois ministérios brasileiros, o grupo foi localizado na região da terra indígena de São Marcos, no nordeste de Roraima, durante uma missão de patrulhamento de áreas de fronteira feita pelo Exército brasileiro.

“Esses militares venezuelanos estavam desarmados e foram conduzidos a Boa Vista, onde estão sendo entrevistados”, informaram as autoridades brasileiras na sexta-feira (27). 

Maduro afirmou que os desertores foram capturados no Brasil a pedido das Forças Armadas venezuelanas. 

“Dissemos-lhes: no lugar tal, de acordo com as coordenadas tal (sic), estão os cinco terroristas fugindo [...] e é por isso que as autoridades brasileiras atuaram.”

De acordo com Maduro, membros das Forças Armadas perseguiram o grupo até que ele cruzasse a fronteira brasileira. 

“Tivemos um dilema: entrar e capturá-los e trazê-los ou respeitar a fronteira e a soberania do Brasil . Tomamos a decisão correta, de acordo com o direito internacional. O território brasileiro é sagrado.” 

Caracas acusa os desertores de  participar de um ataque armado, ocorrido no último domingo (22), ao Batalhão de Infantaria de Selva Mariano Montilla, na localidade de Luepa, perto da fronteira que divide os dois países. 

Seis militares suspeitos de envolvimento no episódio foram detidos no estado de Bolívar pela forças venezuelanas.

Homem anda na fronteira do Brasil com a Venezuela na cidade de Pacaraima, Roraima
Homem anda na fronteira do Brasil com a Venezuela na cidade de Pacaraima, Roraima - Bruno Kelly - 24.fev.2019/Reuters

Na segunda (23) o ministro da Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse que os desertores que invadiram o batalhão  ficaram hospedados por 15 dias em um hotel de Pacaraima (RR).

Rodríguez afirmou que o grupo foi financiado por Andrés Antonio Fernández Soto, a quem o ministro acusou de ser traficante de ouro. Ele estaria vivendo no Brasil.

“O governo do Brasil tem que explicar por que um criminoso, traficante de ouro e assassino, que esteve por trás de ações contra o comando da Venezuela, este senhor, Antonio ‘Toñito’ Fernández, foi quem manteve os desertores e criminosos em Pacaraima durante 15 dias, quem lhes deu dinheiro e quem lhes prometeu dar uma quantidade de dinheiro depois que eles atacassem a base militar”, disse o ministro venezuelano naquela ocasião.

Numa publicação em redes sociais horas após o ataque, Rodríguez afirmou que “criminosos foram treinados em acampamentos paramilitares plenamente identificados na Colômbia, e receberam a colaboração ardilosa do governo de Jair Bolsonaro”.

“O governo do Brasil não tem nada a ver com isso? Então que prenda e nos entregue Toñito”, disse o ministro.

De acordo com a imprensa venezuelana, Toñito Fernández chegou a ser detido pela Polícia Federal brasileira em Pacaraima em junho de 2018, como parte de uma operação conjunta com a Guarda Nacional Bolivariana contra uma rede de contrabando de ouro.

O Ministério das Relações Exteriores negou que o Brasil tenha tido qualquer participação no episódio. Procurada pela Folha, a Polícia Federal não se manifestou. O regime chavista não apresentou evidências que ligassem Soto aos suspeitos ou ao governo brasileiro. 

O ataque ao destacamento foi realizado por um grupo de 12 indígenas liderados por um oficial desertor das Forças Armadas.

Segundo o ministério da Defesa da Venezuela, os invasores levaram um lote de armas e um caminhão da base, que fica em Gran Sabana, estado de Bolívar, na fronteira com Roraima. 

O grupo atacou ainda duas delegacias de polícia, onde roubaram mais armas. Na cidade de Luepa, houve confrontos envolvendo civis e militares, e um soldado morreu.

O regime afirmou ainda que seis pessoas foram detidas e que algumas armas foram recuperadas —83 fuzis AK-103, 60 granadas e seis caixas de munição. Segundo o portal digital El Pitazo, os assaltantes levaram mais de 100 fuzis.

 
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