Após conversa com sindicatos, governo francês promete ajuste em projeto da reforma da Previdência

Maior organização sindical do país é contra aumento da idade mínima para aposentadoria integral

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Paris | Reuters e AFP

O governo francês anunciou que apresentará "propostas concretas" aos sindicatos do país neste sábado (11), em busca de um acordo que paralise os protestos nacionais contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron.

"Avançamos", declarou o primeiro-ministro, Édouard Philippe, após se reunir na sexta (10) com líderes sindicais, em Paris. "Amanhã enviarei por escrito às organizações sindicais e patronais propostas concretas que poderiam ser a base de um acordo." Philippe se reúne na noite desta sexta com Macron.

Laurent Berger, secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), o maior sindicato francês, também acenou para a possibilidade de uma aproximação ao afirmar que o primeiro-ministro tinha dado sinais de abertura em relação à controversa proposta de fazer os franceses trabalharem até os 64 anos para obter aposentadoria integral —dois anos a mais que a idade oficial atual.

Viajantes aguardam por trens na Gare du Nord, em Paris; greve dos sindicatos de transporte francês chega a seu 37º dia - Benoit Tessier/Reuters

Contudo, outros sindicatos, que querem a retirada total da proposta da reforma, se mostraram menos otimistas e pediram uma ampliação das manifestações e paralisações. 

O texto enviado aos administradores da Previdência para apreciação diz que a idade de aposentadoria para uma pensão integral será elevada progressivamente até chegar a 64 anos para quem nasceu a partir de 1965 e vai se aposentar de 2027 em diante.

Segundo a proposta, a idade de aposentadoria continuará sendo de 62 anos, mas os trabalhadores que saírem neste ponto não receberão a pensão integral.

O projeto gerou a mais longa paralisação dos transportes ferroviários da história do país, que chegou nesta sexta ao 37º dia. Professores, médicos, enfermeiros, advogados e até bailarinos da Ópera de Paris se uniram à greve contra a reforma da Previdência, que também visa eliminar os 42 esquemas de aposentadoria existentes atualmente, organizados por profissões, e fundi-la em um único.

A reforma é crucial para a ambição de Macron de tornar a força de trabalho mais flexível e competitiva globalmente. O primeiro-ministro diz que a nova Previdência deve resultar em um orçamento de pensão equilibrado e que aumentar a idade da aposentadoria é a melhor maneira de conseguir isso. A França gasta o equivalente a 14% do PIB em pagamentos de pensões.

Embora rejeite o aumento da idade da aposentadoria, que diz ser "cega e injusta", o CFDT concorda com o princípio central da proposta do governo, que é substituir os 42 sistemas de Previdência da França e diferentes idades de aposentadoria por um sistema universal baseado em pontos com os mesmos direitos para todos.

Para Macron, conquistar o CFDT é crucial, já que o sindicato linha-dura CGT e outros querem que o projeto de reforma seja completamente retirado. O CGT, o maior sindicato entre os trabalhadores do setor público, começou nesta semana a bloquear refinarias e tanques de combustível, aumentando o medo de uma escassez de gasolina.

Nas últimas semanas, o governo já fez uma série de concessões para policiais e militares, além de pilotos e controladores de tráfego aéreo, permitindo que eles continuem se aposentando mais cedo.

Para manter a pressão sobre o executivo, os sindicatos convocaram um novo dia de protestos e greves em todo o país para o sábado (11). 

Na quinta-feira, 452.000 pessoas, segundo o Ministério do Interior, 1,7 milhão, segundo os sindicatos, foram às ruas por toda a França, pela quarta vez em cinco semanas.

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