A Casa Branca transmitiu neste sábado (4) a notificação formal ao Congresso do ataque com drones que matou o comandante militar iraniano Qassim Suleimani no Iraque, na madrugada de sexta (3). A confirmação foi passada à agência Reuters por dois assessores do Congresso.
Muitos parlamentares democratas —incluindo a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi—criticaram o presidente Donald Trump por não obter aprovação prévia ou notificar a Casa a respeito do ataque, que causou um aumento dramático na tensão entre o Irã e os Estados Unidos e seus aliados.
A notificação foi enviada sob uma lei de 1973 chamada Lei de Poderes de Guerra, que exige que o governo norte-americano notifique o Congresso dentro de 48 horas após comprometer as Forças Armadas com ações militares ou ataques iminentes.
Espera-se que a administração Trump explique na notificação as circunstâncias, a autoridade sob a qual a ação foi tomada e o escopo e a duração previstos do envolvimento militar.
Os EUA confirmaram que a ação foi autorizada pessoalmente pelo presidente Donald Trump e anunciaram que vão mandar outros 3.000 soldados para o Oriente Médio, enquanto o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu “vingança implacável”.
A versão submetida ao Congresso é sigilosa e não está claro se a Casa Branca divulgará uma versão não secreta, de acordo com um dos assessores, que falou sob condição de anonimato.
A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário da agência de notícias.
Na sexta, o senador democrata Tim Kaine apresentou uma resolução para forçar um debate e votação no Congresso para evitar uma nova escalada de hostilidades com o Irã.
Após a notificação, Pelosi afirmou que a notificação "traz mais perguntas do que respostas sobre o momento, a maneira e a justificativa da decisão de se envolver em hostilidades contra o Irã." Ela disse que não é comum um documento como este ser sigiloso e que o público americano está "no escuro".
O senador Bernie Sanders, pré-candidato democrata à corrida presidencial de 2020 contra Trump, afirmou que o Congresso deve tomar medidas imediatas para impedir que o presidente "mergulhe nossa nação em mais uma guerra sem fim".
Na noite de sábado, em uma série de postagens em uma rede social, Trump afirmou que o Irã está mirando diversos alvos norte-americanos como forma de vingança pela morte de Suleimani.
E acrescentou que, caso o país persa faça um ataque, Washington já tem mapeadas 52 locações iranianas para revidar. O número representa os 52 norte-americanos tomados reféns durante a invasão da embaixada dos EUA em Teerã, em 1979.
O general abatido pelos EUA era considerado o principal chefe militar do Irã e liderava há mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pela inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior; de acordo com os EUA, Suleimani é responsável pela morte de 700 militares americanos em todo o mundo.
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