Descrição de chapéu The Washington Post

Com protestos se arrastando, famílias de Hong Kong mandam filhos para escolas em Singapura

Região tem protestos contínuos contra o governo desde junho de 2019

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

The Washington Post

A North Collegiate School educa meninas na capital britânica desde os dias da rainha Victoria. Hoje em dia, a escola quer ir mais longe, mas precisamente para Singapura. E, por mero acaso do destino, o momento parece perfeito.

A escola particular está vendo uma onda de interesse por sua nova unidade de expatriados apreensivos em Hong Kong, que estão avaliando as opções para seus filhos diante dos protestos correntes na ex-colônia britânica. Uma escola internacional na cidade-estado disse que as inscrições vindas de Hong Kong aumentaram em cerca de 25%.

Manifestantes durante protesto em Hong Kong em 22 de dezembro - Dale de la Rey/AFP

Singapura tem muitas vantagens para os expatriados. A estabilidade política da cidade-estado, os altos padrões de educação, as áreas verdes, a baixa criminalidade e a infraestrutura eficiente a tornam atraente para aqueles que estão considerando uma mudança de cenário.

"Singapura tem uma sólida reputação internacional em termos de habitabilidade", disse Jason Tan, professor associado do Instituto Nacional de Educação da Universidade Tecnológica de Nanyang. "Com a situação atual em Hong Kong, as famílias estão procurando se mudar para outro lugar".

Os protestos pró-democracia que acontecem há meses e não mostram sinais de término afetaram o centro financeiro asiático, prejudicando sua economia e atrapalhando seriamente os setores de varejo e hospitalidade.

O Goldman Sachs estimou em outubro que até US$ 4 bilhões podem ter escoado para Singapura devido à instabilidade, enquanto corretores imobiliários do Canadá à Austrália dizem que estão vendo um aumento no interesse de pessoas que desejam se mudar.

Desde agosto, quando a violência se intensificou, a consultoria de serviços educacionais ITS Educational Services Ltd., em Hong Kong, recebe quatro consultas por semana, em média, sobre escolas em Singapura.

Os pais estão "preocupados com o deslocamento de seus filhos para a escola e o quanto é seguro usar o transporte público", disse a diretora Anne Murphy.

Murphy, que mora em Hong Kong, foi convidada por quatro empresas financeiras para conduzir palestras sobre as escolas internacionais de Singapura, porque os funcionários receberam a opção de se mudar.

Embora não possa divulgar o nome das empresas, ela disse que as palestras focaram nas escolhas de escolas internacionais disponíveis, no processo de admissão e nas listas de espera. Cada uma delas contou com cerca de 12 a 20 pais, a maior parte advogados, investidores ou gestores de fundos. A maioria era de expatriados, incluindo americanos, indianos, britânicos e franceses.

"Mesmo aqueles sem visto em Singapura foram aceitos por meio de nossa ajuda", disse Murphy. 

Os alunos precisam ser formalmente aceitos por uma escola antes de poderem se inscrever e obter um visto de estudante. Eles não precisam necessariamente ser acompanhados por um adulto que trabalha.

Mas, de acordo com as leis de imigração de Singapura, os pais que acompanham uma criança que estuda na cidade-estado podem obter um visto ou o que é chamado de passe de visita de longo prazo, válido por até dois anos. O visto pode ser solicitado pela mãe ou pela avó da criança.

De acordo com o site do Ministério da Mão de Obra, o tutor não pode trabalhar durante o primeiro ano em Singapura. O objetivo é incentivá-los a gastar mais tempo ajudando seus filhos a se adaptarem ao sistema educacional de Singapura.

Murphy disse que os pais com quem trabalhou gostam de escolas que também ajudam na solicitação de um visto de estudante. Essa opção é menos complicada e faz com que as famílias possam se mudar para Singapura mais rapidamente, disse ela. O ITS ajudou o filho de seis anos de uma família, que tinha um passaporte de Hong Kong, a ser aceito em duas escolas por meio desse método.

"Os pais escolheram uma escola que tinha vaga imediata para janeiro e o visto de estudante foi emitido dentro de seis semanas após a oferta da escola", disse ela.

Uma paralisação de seis dias das escolas em novembro, motivada por uma escalada na violência, é outra razão pela qual os pais estão avaliando outros países. Eles estão furiosos porque seus filhos não conseguem ir para a escola, apesar de morarem nas proximidades. Especialmente quando as mensalidades escolares são extremamente caras.

A Stamford American School Hong Kong cobra cerca de US$ 22.850 por ano para estudantes até a quinta série. Esse valor salta para quase US$ 25.750 do sexto ao nono anos. A Hong Kong International School cobra cerca de US$ 27.810 para estudantes mais jovens e até US$ 31.660 para alunos do sexto ano ao terceiro ano do ensino médio.

Esses custos são "bastante exorbitantes e significativos se o seu filho não puder frequentar a escola", disse Murphy.

Durante a paralisação de novembro, a Singapore American School recebeu consultas de famílias que queriam matricular seus filhos o mais rápido possível, segundo a diretora Treena Casey.

Outras perguntaram sobre matricular seus filhos a partir de agosto, o início do novo ano letivo.Mas a mudança nem sempre é tranquila ou barata.

A maioria das escolas internacionais de Singapura tem longas listas de espera e os preços se equiparam com Hong Kong. Na Singapore American School, os estudantes que não são norte-americanos pagam até US$ 40.620 por ano, dependendo da série. A Canadian International School em Singapura cobra até US$ 40.900.

Casey disse que a escola observou um salto de 25% nas inscrições vindas de Hong Kong, mas não sabia dizer quantos ingressariam no novo ano. "Tentamos acomodar onde podemos. Temos uma extensa lista de espera", disse ela.

A Escola Francesa de Singapura terá sete novos alunos a partir deste mês, segundo o diretor de comunicações e eventos Sebastien Barnard. Isso é mais do que a previsão normal da escola, embora não seja considerada "uma migração particularmente grande para nós", disse ele.

A diretora de comunicação e marketing da Canadian International School, Michelle Sharp, disse que houve um aumento nas consultas e nas matrículas, mas não pode compartilhar números. As vagas são extremamente limitadas para o início de janeiro, com listas de espera para a maioria das séries.

A North London Collegiate School, na Inglaterra, abrirá sua filial em agosto e começou a aceitar inscrições em outubro e, até o momento, cerca de 12% das consultas foram de Hong Kong, disse Vandana Rao, diretora de relações com a comunidade.

"É importante encontrar escolas que sejam apropriadas e a viabilidade econômica é um fator", disse Tan. Os altos custos em Singapura "podem dissuadir os pais de Hong Kong de se mudarem".
 

Tradução de AGFox

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.