Funeral de general iraniano em Bagdá reúne multidão com gritos de 'morte aos EUA'

Foguetes foram disparados contra região onde fica a embaixada americana no Iraque, mas ninguém ficou ferido

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Com bandeiras de milícia pró-Irã, manifestantes participam do ato em homenagem aos mortos em Bagdá
Com bandeiras de milícia pró-Irã, manifestantes participam do ato em homenagem aos mortos em Bagdá - Ahmad al-Rubaye/AFP
Bagdá e São Paulo | AFP e Reuters

Sob gritos de “morte aos EUA” e pedidos de vingança imediata, uma multidão com dezenas de milhares de pessoas se reuniu neste sábado (4) em Bagdá para uma manifestação em homenagem ao general iraniano Qassim Suleimani e a líderes de milícias locais mortos na sexta (3). 

Em marcha pelas ruas da capital iraquiana, os manifestantes carregaram os caixões em um trajeto feito com segurança redobrada.

As vítimas foram mortas em um ataque de drone ordenado por Washington contra um aeroporto da capital iraquiana na madrugada da sexta (3, noite de quinta no Brasil), em uma ação que desencadeou uma crise na região. 

Já na noite deste sábado, foguetes foram disparados contra a chamada zona verde, a região de segurança máxima de Bagdá. No local ficam os prédios do governo e as embaixadas estrangeiras.

 
Os projéteis caíram em um local próximo a representação diplomática dos EUA, mas ninguém ficou ferido na ação, que ainda não foi reivindicada por nenhum grupo.
 
Além disso, também foram registrados ataques com foguetes contra um bairro vizinho, Jadriya, e contra uma base iraquiana que também abriga soldados americanos ao norte da capital. Em nenhum dos casos houve vítimas.
 
Esse tipo de ação contra o centro da capital ou locais que abrigam militares americanos é relativamente comum no Iraque e, em geral, terminam sem mortes, de acordo com a rede de TV CNN.
 
Além disso, uma outra milícia iraquiana pediu que as forças de segurança do país não se aproximem das bases americanas no domingo (5), indicando assim que podem ocorrer novos ataques.
 
Exatamente por isso, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) informou que decidiu suspender todas as operações de treinamento no Iraque.
 
A missão treina soldados desde outubro de 2018, a pedido do governo local, para impedir o retorno do Estado Islâmico. Além da suspensão, os Estados Unidos reforçaram suas bases no Iraque.
 
Líderes de diversos países —incluindo França, Arábia Saudita e Alemanha— pediram calma aos dois lados para contornar a situação.
 
O ministro das Relações Exteriores da China disse que os EUA deveriam parar de abusar do uso da força e procurar soluções com o diálogo, em uma conversa com com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif.
 
Nos EUA, riscos de ataques levaram o chefe de segurança cibernética do Departamento de Segurança Interna a fazer um alerta público sobre a possível invasões a sistemas e computadores. Além disso, várias cidades americanas anunciaram reforço na segurança, incluindo Washington, Nova York e Los Angeles.
 
O temor de um novo conflito global aumentaram ainda mais após um dos comandantes da Guarda Revolucionária do Irã (da qual o general morto também fazia parte), prometer atacar americanos onde for possível.

Gholamali Abuhamzeh também ameaçou pela primeira vez realizar um ataque contra o estreito de Hormuz, região por onde passa parte da produção mundial de petróleo.

“É um ponto vital para o Ocidente, um grande número de embarcações e navios de guerra americanos passam por lá”, disse, acrescentando que a cidade israelense de Tel Aviv também é um alvo que está ao alcance do Irã. 

O líder do bloco parlamentar libanês do Hizbullah, Mohamed Raad, disse que os EUA “cometeram um erro” e que haverá uma resposta decisiva do “eixo de resistência” apoiado pelo Irã.

Ele estava se referindo a diferentes grupos do Oriente Médio (como o próprio Hizbullah) que atuam sob a influência militar de Teerã —quem cuidava dessa articulação era exatamente Suleimani, o general morto. 

Desde o anúncio da morte, milhares de pessoas têm realizado protestos em vários países da região.

Além do general, considerado o principal comandante militar do Irã, também foi atingido no bombardeio Abu Mehdi Al Muhandis, líder de uma milícia iraquiana pró-Teerã, entre outros. 

O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdel Mahdi participou da marcha em Bagdá , assim como Hadi Al Ameri, chefe das forças pró-iranianas no parlamento iraquiano, o ex-primeiro-ministro Nuri Al Maliki e vários chefes de facções xiitas pró-iranianas.

Além dele, parte da elite política iraquiana também estava presente, incluindo líderes de grupos xiitas pró-Teerã e um ex-premiê. Todos condenaram o ataque americano e acusaram Washington de violar a soberania iraquiana.

Os corpos dos mortos no ataque americano foram levados para Kerbala e Najaf, duas cidades sagradas xiitas ao sul da capital. Os iraquianos serão transferidos para suas cidades, enquanto o corpo de Suleimani irá para o Irã, onde ele será sepultado na terça-feira (7), após três dias de homenagens, em sua cidade natal, Kerman.

Os iraquianos serão enterrados em Najaf, enquanto o corpo de Suleimani irá para o Irã, onde ele será sepultado na terça-feira (7), após três dias de homenagens, em sua cidade natal, Kerman.

Na sexta-feira (3) o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu "vingança implacável" e anunciou os três dias de luto nacional.

"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos esses anos", escreveu no Twitter. "Uma vingança implacável aguarda os criminosos que encheram suas mãos com seu sangue e o de outros mártires."

O presidente do Irã, Hassan Rowhani, também prometeu vingança "por esse crime horrível dos criminosos Estados Unidos".

Em um comunicado, ele disse ainda que a morte de Suleimani "redobra a determinação da nação iraniana e de outras nações livres da região de se opor à intimidação dos Estados Unidos e defender os valores islâmicos".

Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores da China disse que os EUA deveriam parar de abusar do uso da força e procurar soluções com o diálogo, em uma conversa com com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif.

Nos EUA, riscos de ataques levaram o chefe de segurança cibernética do Departamento de Segurança Interna a fazer um alerta público sobre a possível invasões a sistemas e computadores. 

Além disso, várias cidades americanas anunciaram reforço na segurança por temerem ataques. 

Segundo o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, policiais armados com rifles foram deslocados para potenciais alvos na cidade, onde haverá verificação de mochilas e bagagens.   

Em uma declaração na sexta, a prefeita de Washington, Muriel Bowser, afirmou que a cidade estava monitorando a situação dentro e fora do país junto ao governo federal. A polícia de Los Angeles, na Califórnia, também afirmou que está em contato com o governo federal.

O porta-voz da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) informou que a organização suspendeu todas as operações de treinamento no Iraque.

A missão treina soldados desde outubro de 2018, a pedido do governo local, para impedir o retorno do Estado Islâmico. Além da suspensão, os Estados Unidos reforçaram suas bases no Iraque.​

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