Em crise, Líbano forma novo governo

Anúncio ocorre três meses após saída de premiê, pressionado por manifestações

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Beirute | AFP

O Líbano conseguiu, na noite desta terça-feira (21), formar um novo governo que terá a difícil tarefa de reativar uma economia em queda livre e de convencer os manifestantes que têm ido às ruas em grandes protestos contra a classe política.

Quase três meses depois da demissão do premiê Saad Hariri sob a pressão das marchas e mais de um mês após a designação de Hasan Diab para o cargo, o palácio presidencial anunciou o novo governo, composto de 20 ministros. 

A nova equipe, que ainda deve obter o voto de confiança do Parlamento, é formada por simpatizantes do Hizbullah —poderoso movimento xiita pró-Irã— e seus aliados, como a formação Amal e o Movimento Patriótico Livre, fundado pelo presidente Michel Aoun.

Foram necessárias intensas negociações políticas para repartir os cargos.

O premiê prometeu que fará o possível para responder às demandas do movimento de protesto que agita o país desde o dia 17 de outubro, pedindo reformas do sistema político e a demissão de acusados de corrupção e incompetência.

"É um governo que expressa as aspirações dos manifestantes em todo o país, mobilizados há cerca de três meses, que trabalhará para responder a suas reivindicações", declarou Diab.

Ele tinha se comprometido a nomear um governo de "tecnocratas independentes" —nesta terça, ele chamou o novo gabinete de "equipe de resgate". 

Entre os novos ministros, há acadêmicos como o economista Ghazi Wazni, que será responsável pela pasta de Finanças.

Antes do anúncio, cerca de 200 manifestantes se concentraram perto do Parlamento, bloqueando uma via principal.

A tensão cresceu nos últimos dias, com enfrentamentos violentos no fim de semana entre manifestantes e as forças de ordem, que deixaram mais de 500 feridos em Beirute.

HISTÓRICO DOS ATOS

Desde 17 de outubro, os libaneses vêm fazendo manifestações massivas no país, que passa por sua pior crise econômica desde a guerra civil (1975-1990). Bancos, escolas e universidades estão fechados, e barreiras bloqueiam os principais acessos à capital. 

O levante está sendo chamado de "revolução do WhatsApp" porque começou após o anúncio de um plano para cobrar uma taxa sobre chamadas de voz em aplicativos como esse. A cobrança seria de 20 centavos de libra libanesa (R$ 0,83) por dia para ligações feitas por meio de programas que usam a tecnologia Voip, que permite chamadas pela internet. 

O governo recuou horas mais tarde, mas as manifestações continuaram, evidenciando o descontentamento da população frente a políticos que levaram o Líbano à crise econômica.

Abalado por uma guerra civil entre 1975 e 1990, o Líbano é um dos países mais endividados do mundo: o crescimento econômico foi dificultado por conflitos e instabilidade regionais. O desemprego entre pessoas com menos de 35 anos chega a 37%.

Os libaneses sofrem com a escassez crônica de água e eletricidade, e mais de um quarto da população vive abaixo da linha de pobreza. 

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