EUA endurecem emissão de visto para mais 6 países

Destes, 3 têm maioria muçulmana e 4 são africanos; turistas não serão afetados

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Washington | Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu uma versão ampliada de sua proibição de viagens nesta sexta-feira (31). A medida afeta milhares de imigrantes e reacende o debate sobre discriminação política contra muçulmanos.

Washington suspenderá a emissão de vistos que podem levar à residência permanente para cidadãos da Eritreia, Quirguistão, Mianmar e Nigéria, afirmou o secretário de Segurança Interna, Chad Wolf. O tipo de visto afetado é diferentes dos vistos de turismo, que não serão atingidos pela proibição, acrescentou Wolf.

O governo americano também deixará de emitir "vistos de diversidade" para cidadãos do Sudão e da Tanzânia, segundo Wolf. Tais permissões —que Trump criticou no passado— estão disponíveis via sorteio para candidatos de países com baixas taxas de imigração para os Estados Unidos.

Três países incluídos na proibição divulgada hoje —Quirguistão, Nigéria e Sudão— têm populações de maioria muçulmana. A Eritreia e a Tanzânia possuem minorias muçulmanas consideráveis.

Já a Nigéria envia a maioria de seus imigrantes para os EUA. O Departamento de Estado emitiu aproximadamente 7.900 vistos para imigrantes para nigerianos no ano fiscal de 2018, que começou em 1º de outubro de 2017.

Protesto contra a restrição de vistos a países majoritariamente muçulmanos em frente ao Congresso dos EUA, em Washington - Sarah Silbiger/Getty Images/AFP

Wolf afirma que os seis países não cumpriram os padrões de segurança e compartilhamento de informações definidos pelos EUA, o que exigiu a imposição de novas restrições.

Os problemas citados por ele variam de tecnologia de passaportes abaixo do padrão à insuficiência na troca de informações sobre suspeitos de terrorismo e criminosos.

"Esses países, na maioria das vezes, querem ser úteis", disse Wolf, "mas por uma variedade de razões simplesmente falharam em cumprir os requisitos mínimos que estabelecemos".

Os vistos para investidores, que dão direito ao green card, também serão barrados. Mas as restrições não se aplicarão a trabalhadores estrangeiros qualificados que entram nos EUA com vistos H-1B. Esses vistos são temporários, mas podem levar à permissão de residência permanente no país.

Imigrantes que já estejam nos EUA ou que tenham vistos estarão isentos da proibição. Pessoas com pedidos de visto pendentes —algumas das quais esperaram há anos— serão barradas.

O Belarus, que estava sendo considerado para inclusão na proibição ampliada de entrada nos EUA, tomou medidas para corrigir deficiências nos últimos meses e não enfrentará restrições de visto.

A proibição original de viagens —emitida durante a primeira semana de Trump na Presidência, em janeiro de 2017— barrou quase todos os imigrantes e viajantes de sete países de maioria muçulmana. A política foi revista em meio a disputas judiciais, mas a Suprema Corte dos EUA a confirmou em junho de 2018.

A versão existente da proibição inclui Irã, Líbia, Somália, Síria e Iêmen, países de maioria muçulmana.

A Coreia do Norte e a Venezuela também enfrentam restrições de visto, mas as medidas afetam relativamente poucos viajantes. Tais limites permanecerão em vigor, disse Wolf.

Trump faz da repressão à imigração um foco de sua campanha à reeleição em 2020 e deverá insistir no assunto nos próximos meses.

Críticos afirmam que a proibição atinge desproporcionalmente os países de maioria muçulmana. Em 2015, durante a campanha presidencial, Trump pediu "um fechamento total e completo à entrada de muçulmanos nos Estados Unidos".

O congressista democrata Joe Neguse, do Colorado, filho de refugiados da Eritreia, disse a repórteres nesta sexta-feira que a proibição atualizada destaca injustamente nações africanas aliadas.

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