Descrição de chapéu The Washington Post

Ícone de debates presidenciais nos EUA, jornalista morre aos 85

De perfil discreto, Jim Lehrer também entrevistou presidentes e líderes mundiais

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Washington Post

Jim Lehrer, apresentador de telejornal, um dos fundadores do programa hoje chamado The PBS NewsHour, do qual foi âncora por 36 anos, e apelidado de "decano dos moderadores" por conduzir 12 debates presidenciais, morreu nesta quinta (23) em sua casa em Washington. Ele tinha 85 anos.

A rede pública de televisão PBS anunciou sua morte, mas não forneceu detalhes.

Lehrer iniciou a carreira como repórter de jornal no Texas antes de mudar para o telejornalismo no final dos anos 1960, mas sempre manteve a maneira lacônica e levemente desleixada de um editor de notícias locais.

Além de moderar debates entre candidatos à Presidência de 1988 a 2012, Lehrer entrevistou presidentes e outros líderes mundiais, muitas vezes fazendo perguntas delicadas de maneira discreta.

O moderador e jornalista Jim Lehrer durante debate presidencial em 2008, no Mississipi
O moderador e jornalista Jim Lehrer durante debate presidencial em 2008, no Mississipi - Chip Somodevilla 26.set.08/Pool/Reuters

Lehrer ingressou na pequena operação jornalística da PBS em Washington em 1973 e logo começou a cobrir as audiências de Watergate com o colega de telejornal Robert MacNeil. Em 1975, tornou-se coapresentador do The MacNeil/Lehrer Report.

O nome do programa foi alterado para The MacNeil/Lehrer NewsHour em 1983, depois para The NewsHour with Jim Lehrer, quando MacNeil deixou o programa em 1995. Desde 2009, o noticiário noturno é conhecido como The PBS NewsHour. Lehrer deixou de ser o âncora da atração em 2011.

Ele teve presença constante e tranquilizadora durante os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 e depois relatou as longas guerras que se seguiram.

James Charles Lehrer nasceu em Wichita, no Kansas, em 19 de maio de 1934, em uma família operária, mas empreendedora.

Seu pai trabalhou para a empresa de ônibus Santa Fe Trailways e, após servir no Corpo de Fuzileiros Navais na Segunda Guerra Mundial, criou sua própria empresa concorrente, a Kansas Central Lines, com três ônibus. Toda a família, inclusive Jim, trabalhou no negócio até que ele faliu após um ano.

A família se mudou para o Texas, estabelecendo-se em San Antonio, onde Lehrer disse que suas ambições se voltaram para o jornalismo depois de ler a correspondência de guerra de Ernie Pyle e outros colunistas conhecidos por sua visão íntima e dura do combate.

Ele editou o jornal na escola secundária e em uma faculdade da região antes de se formar em jornalismo pela Universidade do Missouri, em 1956.

Após o serviço nos Fuzileiros Navais em Okinawa, ele dirigiu o jornal do campo de treinamento de Parris Island, na Carolina do Sul e, após sua dispensa em 1959, foi contratado pelo Dallas Morning News.

Em uma cidade conhecida como foco de atividades da extrema direita, Lehrer chamou a atenção por suas críticas à Sociedade John Birch e outros grupos de tendência conspiratória.

Quando seu próprio editor se recusou a publicar sua série sobre uma organização de defesa civil duvidosa, Lehrer se demitiu e foi para o rival Dallas Times Herald como repórter de tribunal e mais tarde colunista político.

Ele também começou a escrever ficção, incluindo um romance satírico mal avaliado, "Viva Max!", sobre a tentativa quixotesca de um general mexicano de recuperar o Alamo, que foi transformado em filme em 1969, estrelado por Peter Ustinov e Jonathan Winters.

Jim Lehrer (de costas) durante debate entre o republicano Mitt Romney e o democrata Barack Obama em 2012, em Denver, no Colorado
Jim Lehrer (de costas) durante debate entre o republicano Mitt Romney e o democrata Barack Obama em 2012, em Denver, no Colorado - Doug Pensinger - 3.out.12/Getty Images/AFP

Talvez fosse também o grito de protesto de Lehrer em relação à sua própria ambição.

"Basicamente", escreveu ele no Library Journal, "eu tento mostrar por meio do general mexicano Max a necessidade que todos nós temos de ser reconhecidos por algo —qualquer coisa".

Depois de uma breve passagem como editor de cidades, ele deixou o jornal em 1969 e viveu dos royalties de seu filme antes de trabalhar como consultor em meio período na KERA-TV, estação de televisão pública em Dallas.

Ele era encarregado de assuntos públicos e apresentador de um noticiário noturno e, em 1972, foi contratado como o primeiro coordenador de assuntos públicos do incipiente Serviço de Radiodifusão Pública (PBS) em Washington.

Tradução de Luiz Roberto Mentes Gonçalves

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