Irã confirma ter disparado dois mísseis na direção de avião ucraniano

País também admite não ter tecnologia para ler caixas-pretas de aeronave

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Teerã | AFP

O Irã confirmou que disparou dois mísseis em 8 de janeiro na direção do Boeing 737 da Ukraine International Airlines, um erro catastrófico que derrubou o avião, provocando a morte das 176 pessoas a bordo e protestos contra o governo no país.

De acordo com um relatório preliminar da Organização da Aviação Civil do Irã publicado nesta terça (21), os investigadores que tiveram acesso a informações militares descobriram que dois mísseis Tor-M1 foram disparados do norte na direção do avião.

Militares carregam caixão com restos mortais de uma das 11 vítimas ucranianas da queda do avião, durante cerimônia em Kiev - Presidência da Ucrânia - 19.jan.2020/via Reuters

O Tor-M1 é um míssil terra-ar de curto alcance desenvolvido pela antiga União Soviética e especialmente projetado para atacar aviões, helicópteros e mísseis de cruzeiro.

Em seu relatório, a entidade disse também não ser capaz de acessar as informações de voo e as gravações da cabine contidas nas caixas-pretas, por serem muito sofisticadas.

Também sugeriu que o Irã quer manter as caixas-pretas por enquanto, embora a Ucrânia as tenha pedido e o Canadá queira que elas sejam enviadas para a França ou para Kiev.

"Se o material for entregue, as informações (das caixas-pretas) poderão ser restauradas e recuperadas em pouco tempo", afirmou a aviação civil iraniana.

O organismo garantiu que solicitou às suas contrapartes na França e nos Estados Unidos, BEA e NTSB, respectivamente, material para ler as informações contidas nessas caixas-pretas. Mas nenhuma organização respondeu positivamente até agora.

O avião civil ucraniano havia decolado do aeroporto de Teerã com destino a Kiev e caiu pouco depois de iniciar seu voo. Ele pegou fogo no ar e os destroços caíram em um terreno baldio.

As informações da Organização da Aviação Civil confirmam o que foi publicado recentemente pelo The New York Times. O jornal divulgou um vídeo mostrando dois mísseis lançados na direção da aeronave.

Teerã reconheceu em 11 de janeiro, três dias depois da catástrofe e após ter inicialmente atribuído a queda a falhas técnicas, a responsabilidade de suas forças armadas em derrubar o avião.

O general Amirali Hajizadeh, chefe da seção aeroespacial da Guarda Revolucionária, assumiu total responsabilidade pelo erro, mas havia mencionado apenas um míssil.

Ciente de que os olhos da comunidade internacional estão voltados para esse acidente, o governo iraniano prometeu rapidez e transparência para esclarecer os fatos.

A derrubada acidental do avião, em resposta a um ataque americano em Bagdá que matou o general iraniano Qassim Suleimani, causou protestos contra o governo em várias cidades durante dias.

Os manifestantes chamaram o líder supremo Ali Khamenei de "mentiroso" e o acusaram de querer encobrir a verdade. O presdente iraniano, Hassan Rouhani, negou que o governo pretendesse esconder os fatos.

Na sexta (17), o líder supremo disse que essas manifestações não representavam os sentimentos do povo iraniano e acusou os "inimigos" do país de usarem o acidente para fins de propaganda e prejudicar o governo de Teerã.

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