Em entrevista exclusiva ao The Washington Post, publicada neste sábado (18), o ditador Nicolás Maduro afirmou que agora é hora de fazer negociações diretas com os Estados Unidos para acabar com o impasse político que, segundo ele, aleijou a Venezuela.
O jornal americano afirmou que Maduro se considera um astuto sobrevivente da luta, contra oposição de seu país e dos seus aliados em Washington, que tentou derrubá-lo.
Ao repórter, ele sugeriu que uma bonança poderia estar esperando pelas empresas petrolíferas dos EUA, caso o presidente dos Estado Unidos Donald Trump suspenda as sanções contra seu país e pressione o botão de "reset" nas relações EUA-Venezuela.
"Se houver respeito entre os governos, não importa o tamanho dos Estados Unidos, e se houver um diálogo, uma troca de informações verdadeiras, tenha certeza de que podemos criar um novo tipo de relacionamento", disse Maduro ao jornal.
“Uma relação de respeito e diálogo faz com que todos saiam ganhando. Um relacionamento de confronto traz uma situação de perde-perde. Essa é a fórmula."
De janeiro a abril de 2019, os Estados Unidos e quase 60 outras nações reconhecem Juan Guaidó, líder da oposição e chefe da legislatura da Venezuela, como chefe de estado legítimo depois que Maduro anunciar sua reeleição em uma votação com suspeitas de fraude.
Durante a entrevista, Maduro sugeriu que seus oponentes o subestimaram. Ao jornal, ele afirmou que soube da conspiração para expulsá-lo dez dias antes de ser lançada. O ditador disse ainda que permitiu que tudo acontecesse para descobrir a extensão da traição a ele, de acordo com o The Post.
"Deixei fluir para ver até onde os tentáculos das conspirações poderiam chegar", disse ele. "Vinte e quatro horas antes, eu ia abortar, mas eles se mudaram mais cedo", declarou ao jornal americano.
Segundo o Washington Post, o relato do ditador entra em conflito com o que dizem altos funcionários dos EUA e líderes da oposição familiarizados com a conspiração. Eles alegam que as negociações para conquistar os aliados de Maduro começaram semanas antes de ele afirmar ter sido informado.
No último dia 5, a escolha do novo comando da Assembleia Nacional da Venezuela terminou em um impasse, com o regime de Maduro e a oposição realizando eleições separadas que terminaram por apontar duas pessoas diferentes para comandar a Casa em 2020.
Na entrevista, o ditador disse estar disposto a sentar-se com Guaidó, sem dizer, no entanto, que atenderia demandas da oposição: sair em favor de um governo de transição, com renovação da corte suprema e dos conselhos nacionais de eleições.
Maduro afirmou para o jornal que Trump havia sido enganado por seus formuladores de políticas.
"Acredito que Mike Pompeo falhou na Venezuela e é responsável pelo fracasso de Donald Trump em sua política em relação ao nosso país", disse Maduro. “Eu acho que Pompeo vive em uma fantasia. Ele não é um homem com os pés na terra. Acho que Trump teve conselheiros terríveis na Venezuela.”
Um dos pontos centrais para o diálogo, apontou Maduro ao jornal, seria acordar com ele, os Estados Unidos e a oposição como seriam as eleições livres e justas.
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