Maduro diz a jornal americano que está no controle do país e pronto para conversar com os EUA

Em entrevista ao Washington Post, o ditador afirmou que Trump teve conselheiros terríveis na Venezuela

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São Paulo

Em entrevista exclusiva ao The Washington Post, publicada neste sábado (18), o ditador Nicolás Maduro afirmou que agora é hora de fazer negociações diretas com os Estados Unidos para acabar com o impasse político que, segundo ele, aleijou a Venezuela.

O jornal americano afirmou que Maduro se considera um astuto sobrevivente da luta, contra oposição de seu país e dos seus aliados em Washington, que tentou derrubá-lo.

Ao repórter, ele sugeriu que uma bonança poderia estar esperando pelas empresas petrolíferas dos EUA, caso o presidente dos Estado Unidos Donald Trump suspenda as sanções contra seu país e pressione o botão de "reset" nas relações EUA-Venezuela.

"Se houver respeito entre os governos, não importa o tamanho dos Estados Unidos, e se houver um diálogo, uma troca de informações verdadeiras, tenha certeza de que podemos criar um novo tipo de relacionamento", disse Maduro ao jornal.

Nicolas Maduro durante fala na Assembléia Constituinte em Caracas
Nicolas Maduro durante fala na Assembléia Constituinte em Caracas - Federico Parra /AFP

“Uma relação de respeito e diálogo faz com que todos saiam ganhando. Um relacionamento de confronto traz uma situação de perde-perde. Essa é a fórmula."

De janeiro a abril de 2019, os Estados Unidos e quase 60 outras nações reconhecem Juan Guaidó, líder da oposição e chefe da legislatura da Venezuela, como chefe de estado legítimo depois que Maduro anunciar sua reeleição em uma votação com suspeitas de fraude.

Durante a entrevista, Maduro sugeriu que seus oponentes o subestimaram. Ao jornal, ele afirmou que soube da conspiração para expulsá-lo dez dias antes de ser lançada. O ditador disse ainda que permitiu que tudo acontecesse para descobrir a extensão da traição a ele, de acordo com o The Post.

"Deixei fluir para ver até onde os tentáculos das conspirações poderiam chegar", disse ele. "Vinte e quatro horas antes, eu ia abortar, mas eles se mudaram mais cedo", declarou ao jornal americano.

Segundo o Washington Post, o relato do ditador entra em conflito com o que dizem altos funcionários dos EUA e líderes da oposição familiarizados com a conspiração. Eles alegam que as negociações para conquistar os aliados de Maduro começaram semanas antes de ele afirmar ter sido informado.

No último dia 5, a escolha do novo comando da Assembleia Nacional da Venezuela terminou em um impasse, com o regime de Maduro e a oposição realizando eleições separadas que terminaram por apontar duas pessoas diferentes para comandar a Casa em 2020. 

Na entrevista, o ditador disse estar disposto a sentar-se com Guaidó, sem dizer, no entanto, que atenderia demandas da oposição: sair em favor de um governo de transição, com renovação da corte suprema e dos conselhos nacionais de eleições.

Maduro afirmou para o jornal que Trump havia sido enganado por seus formuladores de políticas.

"Acredito que Mike Pompeo falhou na Venezuela e é responsável pelo fracasso de Donald Trump em sua política em relação ao nosso país", disse Maduro. “Eu acho que Pompeo vive em uma fantasia. Ele não é um homem com os pés na terra. Acho que Trump teve conselheiros terríveis na Venezuela.”

Um dos pontos centrais para o diálogo, apontou Maduro ao jornal, seria acordar com ele, os Estados Unidos e a oposição como seriam as eleições livres e justas.

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