Milhares de pessoas fogem de incêndios florestais na Austrália

Nova Gales do Sul estará em estado de emergência a partir de sexta (3), permitindo que autoridades removam moradores à força

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Melbourne | Reuters e AFP

Dezenas de milhares de turistas e moradores fugiram de cidades litorâneas na Austrália nesta quinta-feira (2), enquanto os incêndios florestais que tomam conta de diversas regiões do país se aproximavam.

Alimentados por altas temperaturas e ventos fortes, mais de 200 focos de incêndios estão queimando nos estados de Nova Gales do Sul e Victoria, no sudeste australiano. 

As autoridades pediram um êxodo em massa de várias cidades da região, popular entre os turistas durante as férias de verão, alertando que a previsão de calor extremo para o fim de semana deve piorar a crise. Prevê-se que as temperaturas subam acima de 40º C no sábado (4).

Casa destruída pelo fogo em East Gippsland, estado de Victoria, na Austrália - AAP Image/James Ross/via Reuters

A saída em massa de comunidades dos dois estados está entre os maiores movimentos de emergência da história do país, em escala comparável aos 60 mil que tiveram de fugir de Darwin devido ao furacão Tracy em 1974.

O governo de Nova Gales do Sul declarou estado de emergência a partir de sexta (3), dando às autoridades o poder de remover as pessoas à força e assumir o controle dos serviços. Desde segunda (30), ao menos oito pessoas morreram e 18 estão desaparecidas.

 
"É o inferno na terra", disse Michelle Roberts por telefone de Mallacoota, onde 4.000 moradores e visitantes estão presos na praia há três dias.

Roberts pretendia levar sua filha de 18 anos para um navio da Marinha, que chegou à cidade nesta quinta, a fim de escapar dos incêndios e da fumaça espessa que tomou conta da região. A embarcação, que pode carregar até mil pessoas, deve fazer novas viagens de resgate nos próximos dias.

Cinco helicópteros militares estão viajando à região afetada, para levar suprimentos como água e diesel para os bombeiros que atuam no local e resgatar feridos, idosos e jovens. Uma equipe de 100 bombeiros do Canadá e dos EUA está no país ajudando no combate às chamas.

Em outros lugares, longas filas se formaram do lado de fora de supermercados, pois moradores e turistas procuravam alimentos para estocar, esvaziando prateleiras de artigos básicos como pão e leite.

A espera também era longa nos postos de gasolina: residentes de Batemans Bay, em Nova Gales do Sul, foram ordenados a deixar a cidade e se apressaram em abastecer seus carros, mas muitos não encontraram combustível. Os que tiveram sorte enfrentaram longos congestionamentos na principal rodovia de saída da cidade.

Mais de 50 mil pessoas estão sem energia, e algumas cidades não têm mais acesso à água potável. Até agora, os incêndios florestais dos últimos dias destruíram mais de 4 milhões de hectares de área florestal e mais de mil casas.

A população critica o primeiro-ministro Scott Morrison, que reiterou seu apoio à lucrativa —e altamente poluente— indústria do carvão australiana. Forçado a defender as ações limitadas de seu governo em relação a mudanças climáticas, o conservador culpou a seca dos últimos três anos e a duração sem precedentes dos incêndios florestais deste ano.

Nesta quinta, Morrison concedeu a primeira entrevista coletiva desde que os incêndios ganharam intensidade. Ele declarou que as autoridades fazem "absolutamente todos os esforços" para ajudar a população.

"A prioridade hoje é combater incêndios e evacuar, levando as pessoas à segurança", disse.

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