Descrição de chapéu Venezuela

Milícia pró-Maduro ataca deputados da oposição, e militares cercam Parlamento

Deputados disseram que seus carros foram atacados por chavistas; Guaidó muda sessão de lugar

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Buenos Aires

Civis armados atacaram um comboio de veículos transportando políticos da oposição venezuelana para o Congresso nesta quarta (15) —eles apoiam os esforços recentes do ditador Nicolas Maduro para impedir o líder da oposição Juan Guaidó de presidir o Parlamento.

Um vídeo divulgado em uma rede social mostra o carro de Guaidó sendo atacado por um homem com um cone. Em seguida, outro homem joga um objeto, que quebra o vidro do veículo, onde estavam outros parlamentares.

A deputada Delsa Solorzano tuitou :“Estão disparando no nosso carro”. Renzo Prieto, outro deputado, escreveu: “Nesse momento nos disparam nos arredores do Palácio Legislativo da nossa Assembleia Nacional”.

Outros carros da comitiva também sofreram ataques, antes de o comboio fugir seguido por motocicletas, que pertenceriam à milícias pró-Maduro, os chamados "coletivos", segundo os opositores. Nenhum dos quadro deputados da oposição ficou ferido.

Homem que seria de milícia chavista ataca carro que levava deputados da oposição ao parlamento
Homem ataca carro que levava deputados da oposição ao parlamento - Reprodução/@ ElimarDiazG no Twitter

Os oposicionistas também denunciaram um cerco de militares à sede do Legislativo, em Caracas. “O regime volta a militarizar o Palácio Federal Legislativo para impedir sessão da Assembleia junto aos professores venezuelanos”, disse um post publicado pela conta oficial do parlamento no Twitter, trazendo fotos de soldados na entrada do prédio.

O Centro de Comunicação Nacional, ligado ao opositor Juan Guaidó, noticiou ainda que estavam ocorrendo ataques a jornalistas e deputados que se dirigiam à Assembleia. ​

Com o cerco, Guaidó e deputados da oposição realizaram a sessão parlamentar em um anfiteatro em El Hatillo, na zona leste da capital venezuelana. A sessão foi transmitida pelas redes sociais e teve grande presença de docentes

Guaidó havia convocado a sessão legislativa para esta quarta-feira por ocasião do Dia do Professor (15 de janeiro, na Venezuela), em um momento em que os docentes pedem melhorias diante dos baixos salários e das precárias condições de trabalho. No entanto, o presidente da governista Assembleia Constituinte, que rege o país, Diosdado Cabello, convocou uma sessão deste órgão no mesmo dia e hora.

Cabello elogiou os ataques durante uma sessão na qual chamou a oposição de "louca" e "acabada". Dirigindo-se aos parlamentares pró-governo, disse: "Sinto orgulho porque este é um grupo que defende esses espaços pertencentes à Revolução Bolivariana", referindo-se ao movimento socialista iniciado pelo antecessor de Maduro, Hugo Chávez.

O jornalista Daniel Blanco, que colabora para vários veículos, escreveu que ao menos 30 profissionais de imprensa foram atacados pelos coletivos na região em volta da Assembleia. "Alguns conseguimos fugir. Outros foram agredidos e roubados."

O deputado opositor Julio Borges, exilado em Bogotá, emitiu um comunicado "alertando o mundo sobre o atentado de paramilitares de Maduro" com armas de fogo.

O país vive um impasse em relação ao comando da Assembleia Nacional, com o regime de Nicolás Maduro e a oposição tendo realizado eleições separadas que apontaram duas pessoas diferentes para comandar a Casa em 2020.

O ditador anunciou o deputado Luis Parra como novo líderapós uma votação realizada com a sede do Legislativo cercada pela polícia —e chamada de “golpe parlamentar” pelos opositores.

Horas depois, a oposição fez uma sessão alternativa com a presença de cem deputados e reelegeu Juan Guaidó presidente da Casa.  

No último dia 7, já havia ocorrido um embate entre os chavistas e a oposição na sede do parlamento. Guaidó foi proibido de entrar na Assembleia, bateu boca com militares e, após algum tempo,  forçou sua entrada no local.

Lá dentro, conseguiu formalizar os cem votos favoráveis à sua reeleição e fazer novamente o juramento como líder do parlamento por mais um ano.

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