A Petrobras alterou ou suspendeu a rota de navios que passariam pelo estreito de Hormuz, no Oriente Médio, devido à crise no Irã, para evitar riscos à segurança dos navios.
"A companhia avaliou o referido cenário e, em conjunto com a Marinha do Brasil, decidiu por evitar, no momento, o trânsito pelo estreito de Hormuz", disse a empresa à Folha, em nota. O desvio nas rotas foi revelado inicialmente pela agência Dow Jones.
"Tal mudança não trará qualquer impacto ao abastecimento de combustíveis no Brasil. Os desdobramentos locais seguem sendo monitorados e avaliados", afirma a estatal.
A empresa saudita de transporte de petróleo Bahri também avisou a seus clientes que seus navios deixarão de passar pelo estreito, ao menos até a tarde desta quarta-feira (8), na hora local, segundo o Wall Street Journal.
Cerca de 20% da produção mundial de petróleo passam pelo estreito de Hormuz, que fica entre o Irã e os Emirados Árabes Unidos. A dificuldade na circulação marítima ali pode gerar alta no preço do petróleo no mundo.
A tensão no Oriente Médio atingiu níveis elevados nos últimos dias. Um ataque feito pelos Estados Unidos matou, no Iraque, o general Qassim Suleimani, considerado a segunda maior autoridade do Irã, na sexta-feira (3).
Em represália, o Irã bombardeou duas bases militares com americanos no Iraque na quarta (8). Segundo os EUA, não houve mortos nem feridos.
Nesta quarta, o presidente Donald Trump disse, em um discurso, acreditar que o Irã "está se acalmando". Ele prometeu novas sanções ao país e afirmou que não quer mais usar força militar contra os iranianos.
Após as declarações de Trump, o preço do barril tipo Brent teve ligeira queda e era cotado em 65,89 dólares por volta das 14h desta quarta. O valor é 3,49% menor do que no dia anterior, segundo a BBC.
O Brasil se envolveu em uma polêmica com o Irã nos últimos dias depois que o Itamaraty divulgou uma nota endossando a operação que matou Suleimani.
A encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pelas autoridades iranianas para dar explicações. No encontro, ela disse que a posição do governo Jair Bolsonaro não deve ser entendida como uma manifestação contra o Irã.
A região de Hormuz viveu dias de tensão no ano passado, com uma onda de ataques a navios e instalações petrolíferas.
Em julho, o Irã apreendeu um petroleiro sueco que passava pelo local, em represália à captura de um navio iraniano no estreito de Gibraltar.
Em setembro, houve um bombardeio em refinarias sauditas, que foi reivindicado por rebeldes houthis, aliados do Irã. O país negou ter relação com os atos.
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