Premiê iraquiano confirma ter recebido carta na qual EUA anunciam saída das tropas

Washington afirma que correspondência foi enviada por engano e que não vai se retirar do país

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Bagdá | Reuters

O governo iraquiano confirmou que recebeu nesta terça-feira (7) uma carta na qual o Exército americano indica a retirada de suas tropas do país e que Washington disse ter sido enviada por engano

Bagdá informou ainda que recebeu duas versões diferentes do texto —uma em inglês e outra em árabe— e que pediu para a Casa Branca esclarecer qual delas está correta. 

O Parlamento iraquiano aprovou no domingo (5) uma resolução que determina a expulsão de todas as tropas estrangeiras do país e que tinha como principal alvo os Estados Unidos. 

A medida foi uma represália à decisão do presidente Donald Trump de autorizar um ataque com drone na última sexta (3) contra o aeroporto de Bagdá. A ação deixou dez mortos, incluindo o general iraniano Qassim Suleimani, e gerou uma crise internacional.  

Para a decisão do Legislativo iraquiano entrar em vigor, ela ainda precisa ser confirmada pelo primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi.

Ele já deixou claro que apoia a medida, mas até o momento tem indicado que em vez de expulsar as tropas estrangeiras, prefere negociar com os países uma retirada coordenada.

Em meio a essa indefinição, as agências de notícias Reuters e AFP tiveram acesso na segunda (6) a uma correspondência assinada pelo comandante das operações militares americanas no Iraque, William H. Seely, que indicava que Washington iria iniciar a operação para retirar as tropas do país.

Mas imediatamente após a divulgação do caso, o secretário de Defesa americano, Mark Esper, disse que o país não estava planejando uma retirada.

"Ainda não há decisão de deixar o Iraque", disse ele, que afirmou desconhecer o conteúdo da carta. "Estamos tentando descobrir de onde isso veio, o que é isso."

Pouco depois, o general americano Mark Milley, chefe do Estado-Maior do Exército, disse a carta era um rascunho que servia apenas para esclarecer o movimento das tropas americanas, que estão sendo reorganizadas na região. "Mal formulada, [a carta] dá a impressão de retirada. Isso não é o que está acontecendo", afirmou.  

Foi exatamente essa carta, endereçada ao comando militar iraquiano, que Mahdi confirmou ter recebido nesta terça. Ele disse a seu gabinete que vai esperar que Washington esclareça a situação antes de tomar alguma providência. 

As tropas americanas que estão no Iraque fazem parte de uma coalizão internacional criada para lutar contra o Estado Islâmico.

Até o momento, a Alemanha e o Canadá já anunciaram a retirada de parte de suas tropas do Iraque e a Otan (aliança militar liderada pelos EUA) afirmou nesta terça que vai fazer o mesmo. 

Além disso, alguns países —como França e Reino Unido— emitiram um alerta pedindo para que seus cidadãos evitem viajar para o Iraque e para o Irã enquanto a atual situação de tensão na região não for resolvida. 

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