O processo de impeachment contra o presidente americano, Donald Trump, deve chegar ao Senado americano na próxima semana, abrindo caminho para que o caso seja finalmente julgado pelo plenário da Casa.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (10) pela presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi.
Ela enviou uma carta a seus colegas deputados para avisar que decidiu dar prosseguimento a ação, que está parada desde 18 de dezembro, quando o impeachment do presidente foi aprovado na Câmara graças ao apoio da maioria democrata —os republicanos votaram contra.
Segundo o texto, a democrata deve marcar para a próxima semana uma votação para que a Câmara indique um grupo de deputados que terá como tarefa apresentar o caso contra o presidente ao Senado —só depois disso o processo deverá ser enviado em definitivo para os senadores.
Trump é acusado de abuso de poder ao pressionar o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a investigar Joe Biden, líder nas pesquisas entre os democratas para ser o candidato à Presidência do partido na eleição de 2020.
O presidente também é acusado de obstruir o Congresso ao atrapalhar as investigações depois que o episódio foi descoberto. O republicano nega todas as acusações e afirma que a oposição tenta fazer uma caça às bruxas contra seu governo.
Pelosi e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, têm travado uma queda de braço sobre o processo nas últimas semanas.
Ela afirmava que só enviaria o texto aos senadores se ele se comprometesse a realizar um julgamento justo e a convocar novas testemunhas para depor. "Uma negativa [do senador] é uma tentativa de abafar o caso que priva a população americana da verdade", escreveu ela no comunicado.
"Já não era sem tempo", respondeu McConnel ao ser informado sobre a carta.
Ele se nega a aceitar os pedidos da democrata e defende a realização de um julgamento rápido. Nesta semana, o senador ameaçou inclusive colocar em votação na Casa uma proposta para começar o julgamento do impeachment imediatamente, mesmo que Pelosi não enviasse o caso.
Ao contrário da Câmara, os republicanos são maioria no Senado. Por isso, a expectativa é que as acusações contra o presidente sejam descartadas com folga.
Trump é apenas o terceiro presidente na história americana a ter o impeachment aprovado pelos deputados. Os dois anteriores (Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998) foram absolvidos no Senado.
Diferentemente do Brasil, onde o afastamento do chefe de governo ocorre imediatamente após o Senado receber a denúncia de impeachment aprovada pela Câmara, o presidente dos EUA só deixa o cargo após o aval do Senado.
O avanço do impeachment, porém, vai além dos trâmites legais. O processo é pano de fundo da eleição presidencial de novembro e tem servido de estratégia aos dois lados de um polarizado tabuleiro político.
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