Reino Unido convoca embaixador do Irã para explicações após detenção de diplomata

Teerã tem terceiro dia de protestos contra o governo após país assumir que derrubou avião de modo acidental

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Londres e Dubai | Reuters e AFP

O Reino Unido convocou nesta segunda-feira (13) o embaixador do Irã em Londres para dar explicações sobre a prisão do embaixador britânico em Teerã.

"Esta foi uma violação inaceitável da Convenção de Viena e isso precisa ser investigado", disse um porta-voz do premiê Boris Johnson. "Estamos buscando plenas garantias do governo do Irã de que isso nunca acontecerá de novo".

Na prática, convocar um embaixador é um ato de reprimenda.

Ativistas queimam bandeira do Reino Unido em frente à embaixada britânica em Teerã - Atta Kenare - 12.jan.2020/AFP

O embaixador britânico Rob Macaire foi detido pela policia do Irã em um protesto no sábado (11), considerado ilegal pelo governo. Macaire disse que foi a um evento anunciado como vigília pelas vítimas da queda de um avião abatido por engano por militares iranianos —quatro cidadãos britânicos morreram no acidente.

"É normal querer prestar homenagens —algumas das vítimas eram britânicas. Saí depois de cinco minutos, quando algumas pessoas começaram a cantar palavras de ordem", disse Macaire.

O Irã confirmou a detenção de Macaire e disse que o diplomata foi liberado após identificação. "Quando a polícia me disse que um homem detido estava dizendo que era embaixador do Reino Unido, eu disse 'IMPOSSÍVEL'. Depois de conversarmos por telefone, identifiquei, para minha surpresa, que era ele", disse o vice-ministro de Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi no Twitter. "Quinze minutos depois, ele estava livre".

A tensão política tem aumentado na região depois que o Irã assumiu a responsabilidade pela derrubada do Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines em Teerã. A aeronave caiu cinco minutos após decolar do aeroporto Imam Khomeini.

Todos a bordo morreram após o avião ter sido abatido por um míssil disparado pela Guarda Revolucionária do Irã.

No sábado, o jornal americano The New York Times e o britânico The Guardian relataram protestos em que manifestantes gritavam "Khamenei é assassino" e "Khamenei acabou", em referência ao líder supremo do país, assim como pessoas rasgando fotos do general Qassim Suleimani, morto pelos EUA na semana passada.

A revelação de que o avião foi derrubado por mísseis iranianos gera protestos no Irã há três dias, que pedem a renúncia de membros do governo. Nesta segunda (13), ocorreram novos atos nas ruas, segundo a agência Reuters. 

No Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse aos líderes do Irã no domingo que "não matem seus manifestantes" e que não impeçam a divulgação de informações. "Religuem a internet e deixem os repórteres andarem livremente."

Em novembro, uma onda de protestos contra o aumento do preço dos combustíveis teve atos em várias cidades do Irã. Naquela ocasião, jovens e trabalhadores também pediram a renúncia do aiatolá. As manifestações foram duramente reprimidas pelo governo, com ao menos 200 pessoas foram mortas e 7.000, presas. Houve também cortes no acesso à internet. 

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