Relatores da ONU reforçam suspeitas de participação saudita em ciberataque a Bezos

Celular do dono da Amazon foi hackeado por meio de vídeo recebido via WhatsApp

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San Francisco e Washington | Reuters

Dois relatores especiais da ONU exigiram nesta quarta-feira (22) a abertura imediata de uma investigação sobre o suposto envolvimento do príncipe herdeiro da Arábia Saudita no ciberataque ao celular do presidente da Amazon, Jeff Bezos.

Agnes Callamard e David Kaye disseram que a alegação de envolvimento da Arábia Saudita “exige investigação imediata dos EUA e de outras autoridades relevantes”.

Jeff Bezos e Mohammed bin Salman
Jeff Bezos posa para foto durante visita à Arábia Saudita ao lado do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, em 2016 - Bandar Al-Jaloud - 9.nov.2016/AFP

Callamard, relatora especial para assassinatos extrajudiciais, e Kaye, relator especial para liberdade de expressão, afirmaram possuir informações que fortalecem as suspeitas da participação de Mohammed bin Salman.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, o FBI abriu investigação sobre o caso. 

A invasão ao celular ocorreu em maio de 2018, meses antes de o regime assassinar o jornalista saudita Jamal Khashoggi, colunista do jornal The Washington Post, do qual Bezos é dono. O veículo tem feito uma cobertura crítica do regime saudita. 

O jornalista foi morto dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia. Seu corpo foi desmembrado e removido do prédio, e seus restos mortais não foram encontrados.

O reino chamou as acusações de absurdas. “A ideia de que o príncipe herdeiro hackearia o celular de Jeff Bezos é simplesmente idiota”, disse o ministro das Relações Exteriores, Faisal bin Farhan Al Saud.

Os relatores especiais da ONU basearam seus pedidos num relatório forense de 17 páginas elaborado pela empresa FTI Consulting, que tem sede em Washington.

O documento concluiu com “média a alta certeza” que o iPhone X usado por Bezos foi invadido, em 1º de maio de 2018, por um arquivo de vídeo malicioso enviado via WhatsApp de uma conta usada pelo príncipe herdeiro —os dois vinham tendo conversas aparentemente amigáveis pelo aplicativo.

A revelação do ataque ao celular de Bezos também levanta suspeitas sobre a revista National Enquirer —o empresário acusa o veículo de tê-lo chantageado com a publicação de fotos íntimas em 2019. O chefe de segurança do dono da Amazon disse que o governo saudita era a fonte das mensagens.

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