O governo de Donald Trump fez "terrorismo de Estado" ao realizar o ataque que matou o general Qassim Suleimani e Teerã responderá de maneira proporcional a essa ação, afirmou nesta terça (7) o chanceler iraniano, Javad Zarif.
"Isto foi um ato de agressão contra o Irã, é o equivalente a um ataque armado contra o Irã", disse o ministro durante entrevista à rede americana CNN.
"Nós vamos responder, mas de uma maneira proporcional, não de maneira desproporcional. Diferente do presidente Trump, não somos foras da lei."
"Trump precisa acordar e se desculpar", disse o ministro iraniano. "Ele não pode continuar cometendo erros em cima de erros, ele só está piorando a situação da América. Ele está destruindo a Constituição dos EUA, ele está destruindo o processo político dos EUA, ele está destruindo o Estado de Direito nos Estados Unidos."
O chanceler afirmou ainda que o presidente americano irá cometer um crime de guerra caso cumpra sua ameaça de autorizar ataques contra locais de importância cultural no Irã.
Trump havia afirmado que se o Irã atacar algum alvo americano em represália pela morte de Suleimani, os EUA responderão com ataques contra 52 alvos iranianos, incluindo sítios culturais.
Nesta terça, no entanto, o presidente americano voltou atrás e disse que cumpriria a lei. "Eles matam nosso povo, eles explodem nosso povo e temos que ser gentis com as instituições culturais deles. Mas tudo bem por mim."
A troca de ameaças é mais um sinal do aumento das tensões entre os dois países desde a morte do general na última sexta (3) em um ataque de drone autorizado pela Casa Branca contra o aeroporto de Bagdá.
Zarif também confirmou na entrevista à CNN que o governo americano não lhe concedeu o visto para que ele participasse de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York na próxima quinta (9).
Segundo ele, o Departamento de Estado dos EUA informou que não teve tempo suficiente para analisar o pedido. Acordos internacionais proíbem Washington de barrar diplomatas ou líderes estrangeiros que entrem no país para participar de reuniões na sede da ONU, mas a regra tem algumas exceções.
Zarif já foi o embaixador do Irã na ONU e desde 2013 ocupa o cargo de chanceler. Para muitos analistas, porém, quem de fato comandava a política externa do país era o próprio Suleimani.
Isso acontecia porque o general era o responsável por articular o apoio do Irã a grupos rebeldes, milícias e governos no Oriente Médio, o que lhe dava uma extensa rede de contatos na região.
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