Tumulto em funeral de general iraniano deixa 56 mortos e 213 feridos

Cerimônia de enterro do corpo de Suleimani foi adiada por causa da tragédia

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Dubai e São Paulo | Reuters

Uma confusão durante o funeral do general Qassim Suleimani deixou dezenas de mortos na cidade de Kerman, no Irã. Foram ao menos 56 mortos e 213 feridos durante o cortejo que reunia centenas de milhares de pessoas.

Entre os mortos, 35 eram homens e 21, mulheres. 

Não há detalhes ainda sobre o que causou o tumulto nas ruas da cidade natal do general, morto por um ataque dos Estados Unidos na sexta-feira (3). Imagens mostram pessoas caídas no chão, com os rostos cobertos, enquanto equipes de resgate tentavam reanimar outros feridos. 

Devido à tragédia, o enterro do general foi adiado por algumas horas e só teve início por volta das 19h locais (meio-dia de Brasília).

Multidão acompanha funeral de Suleimani em Kerman - Mehdi Bolourian/Fars News Agency/Reuters

​Suleimani foi morto por um ataque dos EUA na sexta (3) no Iraque. Ele foi uma das autoridades com mais poder no Irã e é considerado um herói no país.

Seu corpo foi levado a várias cidades do Irã nos últimos dias, em cortejos que atraíram multidões. Em Teerã, centenas de milhares de pessoas foram ao funeral na segunda (6). O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, chorou enquanto fazia orações em frente ao caixão.

“Nossa vontade é firme. Dizemos aos nossos inimigos que nos vingaremos e que se [atacarem novamente] incendiaremos aquilo que eles amam”, disse na cerimônia em Kerman o comandante interino da Guarda Revolucionária, Hosein Salami. 

O secretário de Defesa americano, Mark Esper, disse que os Estados Unidos devem esperar uma retaliação do Irã "de alguma forma" —que tanto poderia ser por grupos aliados ou "pelas próprias mãos" iranianas. 

"Estamos preparados para qualquer contingência. E vamos responder apropriadamente a qualquer coisa que eles façam."

Enquanto aumentam as tensões entre os dois países, os Estados Unidos continuam mandando forças adicionais para o Oriente Médio. Segundo Esper, a movimentação das tropas é para proteção e haverá mais, se necessário, para proteger "nosso povo, nossos interesses e nossas instalações."

O secretário de Defesa disse ainda que os Estados Unidos não procuraram uma guerra com o Irã, mas "estão prontos para terminar uma".

A Otan (aliança militar liderada pelos EUA) informou que retiraria parte de suas forças do Iraque. O Canadá também declarou que vai mover suas tropas temporariamente para o Kuait por razões de segurança.

Suleimani liderou por mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pelo serviço de inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior.

Próximo do aiatolá Khamenei, Suleimani era um dos nomes mais cotados para sucedê-lo no comando do país, segundo o jornal The New York Times —o líder supremo iraniano tem 80 anos. 

Para Washington, Suleimani era o idealizador da estratégia de apoiar milícias no Iraque e na Síria contra as tropas americanas. Por isso, o governo dos EUA culpava o general pela morte de até 700 militares do país nos últimos anos.

A ação dos EUA aumentou a tensão no Oriente Médio. O Irã prometeu se vingar e disse que não respeitará mais os limites do acordo internacional pelo qual se comprometia a conter sua capacidade de enriquecimento de urânio. O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fazer novos ataques caso haja retaliações por parte do país persa

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