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Sanders vira alvo da vez em debate democrata antes de prévia na Carolina do Sul

Senador independente lidera corrida pela nomeação do partido para ser candidato à Presidência

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São Paulo | Reuters

Foi alta a voltagem do debate dos sete pré-candidatos democratas em Charleston, na Carolina do Sul, nesta terça (25). Em diversos momentos, os concorrentes falavam uns por cima dos outros, dando trabalho aos moderadores da rede CBS, e ultrapassavam o tempo determinado a eles.

O debate girou bastante em torno do senador independente Bernie Sanders, que vem em ótimo momento depois de ganhar as primárias em Nevada, na semana passada. 

Ele foi atacado por quase todos os candidatos. "Ouço meu nome ser mencionado algumas vezes esta noite. Pergunto-me por quê", disse Sanders.

Da esquerda para a direita, Michael Bloomberg, Pete Buttigieg, Elizabeth Warren, Bernie Sanders, Joe Biden e Amy Klobuchar, pré-candidatos democratas no debate da Carolina do Sul - Jonathan Ernst/Reuters

O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg disse que a Rússia estava ajudando a campanha de Sanders porque sabia que ele perderia em novembro para o presidente republicano Donald Trump. Bloomberg se referia a relatos de autoridades de inteligência dos EUA.

"Vladimir Putin acha que Donald Trump deveria ser presidente dos Estados Unidos, e é por isso que a Rússia está ajudando você a ser eleito para que você perca para ele", atacou Bloomberg.

O ataque veio após Sanders dizer que a economia dos EUA vai bem só para os bilionários, não para o americano médio, que vive "de salário em salário". Bloomberg tem uma fortuna estimada em US$ 61 bilhões.

Sanders revidou: "Ei, senhor Putin, se eu for presidente dos Estados Unidos, confie em mim que você não vai mais interferir em nenhuma eleição".

"Os russos querem caos", colocou mais lenha na fogueira o ex-prefeito Pete Buttigieg.

O debate é o terceiro deste mês e o décimo na corrida para definir quem será o democrata que vai concorrer contra Trump nas eleições de 3 de novembro.

É também o encontro final antes das primárias da Carolina do Sul no sábado (28) e da Super Terça, quando 14 estados realizam suas primárias ao mesmo tempo.

O bom momento de Sanders acendeu um alerta no establishment democrata, temeroso de que sua agenda progressista de igualdade econômica e justiça social o faça perder as eleições.

O ex-vice-presidente Joe Biden precisa vencer as primárias de sábado para seguir na disputa, ao passo em que os outros candidatos —o ex-prefeito Pete Buttigieg, as senadoras Elizabeth Warren e Amy Klobuchar e o empresário Tom Steyer— tentam se manter relevantes. 

Warren disse que Sanders estava ganhando porque ideias progressistas são populares. "Acho que eu seria uma presidente melhor do que Bernie. E a razão para isso é que conseguir uma agenda progressista será muito difícil", disse ela. 

No debate da semana passada (19), Bloomberg foi o principal alvo dos demais pré-candidatos

Um dos momentos mais fortes daquela noite foi o pedido de Elizabeth Warren para que o bilionário tornasse públicos os acordos de sigilo extrajudiciais dos casos de assédio e abuso sexual de mulheres que trabalharam para ele. "Deixemos que as mulheres tenham uma oportunidade de falar", disse Warren. 

Nesta terça, sem apresentar evidências, a senadora acusou Bloomberg de pedir a uma funcionária que abortasse, mas ele negou. Ele disse que estava "provavelmente errado" em fazer piadas que as mulheres que trabalhavam para ele consideravam ofensivas.

"Não me lembro do que eram", afirmou, em referência às piadas. “Se isso as incomodou, eu estava errado e peço desculpas. Sinto muito."

Bloomberg disse que —como Warren havia pedido no debate da semana passada— assinou um documento que permite às mulheres que fecharam acordos de confidencialidade falarem sobre suas experiências.

Os rachas no partido foram expostos por Tom Steyer. "Estamos olhando para um partido que decidiu que vamos apoiar um socialista democrático ou alguém com uma longa história de republicano", disse, em referência a Sanders e a Bloomberg, respectivamente.

"Se formos a um desses extremos, corremos um risco terrível de reeleger Donald Trump", completou.

Com quase 80 minutos de debate, outro tópico quente foi o coronavírus, que ameaça se espalhar pelos EUA —há 14 casos confirmados no país. 

Klobuchar se recusou a dizer que não deixaria um cidadão americano infectado entrar no país, sugerindo, em vez disso, que a pessoa deveria receber tratamento.

Já Biden relembrou dos esforços da administração Obama, da qual era vice-presidente, em combater a epidemia do ebola. Biden fez parte de um comitê que garantiu que a doença não chegasse aos EUA.

Sanders zombou de Trump, que sugeriu que a doença simplesmente desaparecesse. "Eu gostaria de estar brincando, mas foi o que ele disse", afirmou o senador.

No final, o debate ficou morno, com os candidatos falando sobre concepções erradas a respeito deles.

Klobuchar disse que a maior percepção equivocada a respeito dela é que ela é chata, e seu lema é que a política serve para melhorar a vida das pessoas. 

O lema de Biden é que todos têm direito a serem tratados com dignidade e representados —ele prometeu colocar uma mulher negra na Suprema Corte.

​Já Sanders se valeu de uma frase de Nelson Mandela: "Tudo é impossível até que aconteça". 

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