Assange não deve ser extraditado por risco de suicídio, diz advogado

Extradição do fundador do Wikileaks começou a ser julgada nesta segunda

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Londres | Reuters

Durante o julgamento do pedido de extradição de Julian Assange, seu advogado e um representante dos EUA apresentaram seus argumentos.

O defensor de Julian Assange afirmou que seu cliente não deve ser extraditado para os Estados Unidos porque ele não terá um julgamento justo no país e, assim, haveria risco de suicídio. Já o advogado dos EUA acusou o réu de divulgar nomes de informantes no exterior, o que colocou em risco a sua segurança.

O pedido de extradição do fundador do site Wikileaks, que revelou milhares de documentos secretos dos Estados Unidos e de outros países, está sendo julgado pela Justiça britânica. Assange está preso em Londres sob a acusação de ter violado as regras de uma prisão condicional.

Ilustração mostra como Julian Assange compareceu ao julgamento desta segunda - Julia Quenzler/Reuters

Seu defensor, Edward Fitzgerald, disse que a extradição iria expor Assange a tratamentos inumanos e degradantes e que o pedido tem caráter político. Argumentou ainda que seria injusto e opressivo extraditá-lo devido às suas condições mentais e ao risco de suicídio. Os problemas psicológicos dele não foram detalhados.

Fitzgerald disse também que a postura dos EUA mudou após a chegada de Donald Trump ao poder e que o atual presidente quer usar Assange como exemplo e, assim, reforçar sua hostilidade contra a imprensa livre.

O advogado lembrou que, em 2013, o então presidente Barack Obama havia decidido não processar o fundador do Wikileaks.

James Lewis, advogado dos EUA, argumenta que Assange está sendo processado não por constranger os EUA ou divulgar informações, mas por expor os nomes de informantes, jornalistas e dissidentes no Iraque, Irã e Afeganistão.

Lewis afirmou que algumas dessas pessoas desapareceram após serem citadas pelo Wikileaks, embora tenha dito que não é possível provar a relação entre as divulgações de informações e os sumiços.

"O que o sr. Assange parece defender como liberdade de expressão não é a publicação de documentos sigilosos, mas a publicação de nomes de fontes, os nomes de pessoas que se colocaram em risco para ajudar os EUA e seus aliados", disse.

Assange, 48, apareceu na corte de terno e com a barba feita. Do lado de fora, houve protestos por sua libertação, que podiam ser ouvidos de dentro do tribunal.

Ele enfrenta 18 acusações nos EUA, incluindo conspiração para invadir computadores do governo e violação de lei de espionagem. Ele pode passar décadas preso se for condenado por tribunais americanos.

Nascido na Austrália, ele ficou conhecido em 2010, quando o Wikileaks publicou um vídeo militar dos EUA mostrando um ataque de 2007 por helicópteros em Bagdá que matou uma dúzia de pessoas.

Nos anos seguintes, a organização divulgou milhares de documentos militares e diplomáticos e se tornou uma plataforma para o vazamento de materiais secretos.

Em 2012, ele se refugiou na embaixada do Equador em Londres enquanto cumpria prisão condicional. Ele havia sido detido no Reino Unido por uma acusação de estupro feita pela Justiça da Suécia. Seu temor era de ser extraditado para a Suécia e, depois, para os EUA.

Após viver por sete anos na representação diplomática, ele foi retirado à força e preso pela polícia britânica em 11 de abril, com o consentimento do governo do Equador.

Assange foi condenado pela Justiça britânica a 50 semanas de prisão em 1º de maio de 2019 por violar as condições de sua liberdade provisória. A pena se manteve mesmo após o arquivamento do caso de estupro na Suécia.

Após a saída da embaixada, os EUA entraram com pedido de extradição, que está em análise pela Justiça britânica. As audiências devem terminar no fim desta semana. A próxima etapa pública começará em 18 de maio: a análise das provas do processo, que deve durar três semanas.

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