Descrição de chapéu Governo Trump

Trump demite militar e embaixador que testemunharam contra ele em impeachment

Alexander Vindman e Gordon Sondland afirmaram terem sido retirados de seus postos

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Washington | Reuters

Após sair vitorioso do processo de impeachment que sofreu no Congresso dos EUA, o presidente Donald Trump demitiu nesta sexta-feira (7) dois assessores que testemunharam contra ele no inquérito. 

Primeiro, o tenente-coronel do Exército dos EUA Alexander Vindman teve que deixar seu cargo de diretor de assuntos europeus do Conselho de Segurança Nacional (NSC) da Casa Branca, segundo informou seu advogado.

Pouco depois, Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia, declarou, em um comunicado, ter sido informado de que Trump pretende demiti-lo "imediatamente" de seu posto.

Alexander Vindman durante depoimento no inquérito de impeachment contra Donald Trump
Alexander Vindman durante depoimento no inquérito de impeachment contra Donald Trump - Jacquelyn Martin - 19.nov.19/Reuters

Segundo o New York Times, Yevgeny Vindman, gêmeo de Alexander que também é tenente-coronel e trabalhava na Casa Branca, foi retirado do cargo no mesmo momento que o irmão. 

Principal especialista em Ucrânia do NSC, Alexander Vindman foi o primeiro oficial da Casa Branca a testemunhar a portas fechadas no inquérito de impeachment na Câmara.

Ele disse que ficou preocupado com um telefonema de Trump ao presidente da Ucrânia, o estopim do processo de impeachmentJá Sondland afirmou ter feito pressão sobre o líder ucraniano por “ordem expressa” do presidente americano.

Advogado de Alexander Vindman, David Pressman disse que a demissão é uma retaliação por seu depoimento no processo de impeachment. 

"Não há dúvida na mente de nenhum americano sobre por que o emprego deste homem acabou, por que esse país agora tem um soldado a menos servindo a Casa Branca”, afirmou.

O NSC não comentou. Mais cedo, Trump havia confirmado a repórteres que Vindman seria mandado embora. “Bom, não estou feliz com ele", disse. "Você acha que eu deveria estar feliz com ele? Não estou."

Em seu depoimento, o militar disse que procurou um advogado do governo para falar de suas preocupações de que a segurança nacional dos EUA poderia ser prejudicada após o telefonema de Trump a Zelenski, em julho. 

Nessa ligação, o líder americano pediu ao presidente ucraniano para investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, possível rival nas eleições de 2020, e seu filho Hunter Biden, que trabalhou no conselho da empresa de gás ucraniana Burisma.

Trump fez seu pedido a Zelenski depois de reter US$ 391 milhões em ajuda de segurança aprovada pelo Congresso para ajudar Kiev a combater separatistas apoiados pela Rússia. A lei federal proíbe os candidatos de aceitar ajuda estrangeira em uma eleição.

Em sua fala ao Congresso, Vindman contou que ouviu a chamada. "Não achei adequado exigir que um governo estrangeiro investigasse um cidadão dos EUA e fiquei preocupado com as implicações para o apoio do governo dos EUA à Ucrânia", disse ele.

"Eu percebi que se a Ucrânia prosseguisse uma investigação sobre os Bidens e a Burisma, provavelmente seria interpretado como um ato partidário que, sem dúvida, resultaria na perda do apoio bipartidário que a Ucrânia mantém até agora. Tudo isso prejudicaria a segurança nacional dos EUA."

Ele disse ter sido orientado por John Eisenberg, o principal consultor jurídico do Conselho de Segurança Nacional, a não discutir suas preocupações sobre a conversa dos líderes com alguém de fora da Casa Branca.

Vindman nasceu na Ucrânia, e sua família deixou o país fugindo da União Soviética quando ele tinha três anos. Antes de se juntar à equipe da Casa Branca, ele lutou na Guerra do Iraque e foi condecorado por sua atuação.

Já Gordon Sondland, na audiência pública em que foi testemunha do processo de impeachment, disse que trabalhou a partir de "ordens expressas" do presidente americano para que pressionasse o líder da Ucrânia a investigar um rival do republicano.

De acordo com o embaixador, os esforços, realizados em colaboração com Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump, serviriam para forçar a abertura da apuração na Ucrânia contra os Bidens. 

Em troca, Zelenski faria uma visita à Casa Branca, o que configuraria, segundo o próprio Sondland, uma troca de favores. 

“Eu sei que os membros desse comitê frequentemente formulam essas questões complicadas na forma de uma pergunta simples: houve toma lá dá cá?”, disse Sondland. “Em relação aos pedidos de telefonema [ao governo] e reunião na Casa Branca, a resposta é sim.”

Sondland foi um dos principais doadores para a cerimônia de posse de Trump. 

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