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Fernández diz que não vai à posse no Uruguai e adia encontro com Bolsonaro

Primeira reunião entre presidentes da Argentina e do Brasil foi costurada na semana passada

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Buenos Aires

Não deve acontecer no Uruguai a primeira reunião entre os presidentes do Brasil e da Argentina, que estava sendo costurada para reaproximar as duas maiores economias do Mercosul. 

Em entrevista a um canal de TV argentino, neste domingo (16), o presidente Alberto Fernández confirmou que não vai à posse do eleito no Uruguai, Luis Lacalle Pou.

A razão, segundo ele, é a sobreposição de agendas. No dia 1º de março, quando o uruguaio assume oficialmente o cargo, Fernández estará em Buenos Aires para fazer um discurso que marca a abertura das sessões legislativas do Congresso argentino.

O presidente argentino, Alberto Fernández, no Palácio do Eliseu, em Paris, onde encontrou o francês Emannuel Macron
O presidente argentino, Alberto Fernández, no Palácio do Eliseu, em Paris, onde encontrou o francês Emannuel Macron - Gonzalo Fuentes - 5.fev.2020/Reuters

Trata-se do pronunciamento mais importante do ano, em que o presidente elenca suas prioridades, na presença dos Congressistas, de integrantes do Supremo Tribunal de Justiça e de todos os ministros.

Espera-se que Fernández apresente as primeiras medidas econômicas para enfrentar a crise e explique o andamento das negociações da dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional). 

O presidente argentino também deve tratar de outros temas sociais no centro de sua agenda, como as ações de combate à pobreza e um novo tratamento legislativo da atual lei do aborto. 

Na quinta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro havia dito que se encontraria com Fernández em Montevidéu, depois de receber o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá. 

Segundo interlocutores, o chanceler viajou a Brasília para transmitir a mensagem ao governo brasileiro de que Fernández é moderado e que não comunga das ideias da esquerda radical. 

Na primeira rodada de reuniões de alto nível entre os governos, Solá prometeu que seu país não será "uma trava" para as negociações de acordos comerciais do Mercosul.

O objetivo era tentar superar o clima de desconfiança que rege as relações entre os dois países desde a campanha eleitoral argentina, marcada por trocas de críticas entre Bolsonaro e Fernández, cuja vice é a ex-presidente Cristina Kirchner.

Na época, o presidente brasileiro chegou a expor sua preferência pela reeleição do liberal Mauricio Macri.

Apesar de não ir a Montevidéu para a posse, Fernández afirmou na entrevista à TV que está combinando uma visita a Lacalle Pou nas próximas semanas.

Já o uruguaio declarou que não vai convidar para a cerimônia os ditadores de Venezuela, Nicolás Maduro, e Nicarágua, Daniel Ortega, e o dirigente cubano, Miguel Díaz-Canel.

Sobre o encontro com Bolsonaro, Fernández disse que pretende que seja logo. "Eu estou sempre disposto."

A Folha procurou o Itamaraty e a assessoria do Palácio do Planalto para comentar o adiamento da reunião, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

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