O novo governo no Líbano ganhou um voto de confiança do Legislativo nesta terça-feira (11) enquanto centenas de manifestantes protestavam próximo ao Parlamento. Houve confronto com as forças de segurança, e dezenas de pessoas ficaram feridas.
Segundo a Cruz Vermelha, 373 precisaram de atendimento médico e 45 foram encaminhadas ao hospital.
O gabinete do premiê Hassan Diab, que assumiu no mês passado com apoio da milícia Hizbullah e de seus aliados, pretende adotar medidas duras para tentar resolver a grave crise econômica do país. O Líbano enfrenta restrições de saques nos bancos e demissões em massa.
Os ativistas tentaram impedir os parlamentares de chegar ao Congresso. Policiais bloquearam as ruas em vários pontos de Beirute.
Homens e mulheres, com os rostos cobertos por cachecóis, jogaram pedras contra os agentes de segurança em vários pontos da capital, e foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo.
Os manifestantes lançaram também ovos e tinta contra os carros de deputados e ministros. Para escapar, alguns congressistas foram levados na garupa de motos.
No Twitter, o Exército afirmou que "atos de vandalismo e ataques a propriedades públicas e privadas minam as reivindicações, impedem a concretização das demandas e não refletem a liberdade de expressão".
Um dos países mais endividados do mundo, o Líbano enfrenta uma crise severa, fruto de décadas de gastos públicos elevados e corrupção. A dívida externa está próxima de US$ 90 bilhões, o que representa mais de 150% do PIB.
Os problemas geraram uma revolta popular contra a elite do país. A mobilização nas ruas ganhou força em outubro, quando o governo tentou criar um imposto sobre chamadas de voz via aplicativos, mas desistiu após os protestos.
Dias depois, o então premiê Saad Hariri renunciou. O levante ficou conhecido como "Revolução do WhatsApp".
O governo do primeiro-ministro Hassan Diab, formado em 21 de janeiro, propõe uma agenda de reformas para aumentar a arrecadação, o que gera protestos.
O país debate também se pedirá ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional). No entanto, há temores de que o Líbano não teria como cumprir as exigências feitas pela entidade.
Uma possibilidade é pedir inicialmente apenas ajuda técnica, para ajudar a decidir como pagar as dívidas que vencem nas próximas semanas.
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