Morre aos 64 anos juiz antagonista de Cristina Kirchner

Claudio Bonadio tinha um tumor no cérebro e passou por cirurgia no final de 2019

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Buenos Aires

O juiz federal Claudio Bonadio, conhecido por estar à frente de processos que têm Cristina Kirchner como ré, morreu na manhã desta terça-feira (4), aos 64 anos. 

Bonadio tinha um tumor no cérebro e havia se submetido a uma cirurgia no fim do ano passado. Ele morreu em sua casa, no bairro de Belgrano, em Buenos Aires.

O mais importante dos processos que o juiz conduzia era o dos "cadernos da corrupção", escândalo que eclodiu no início de 2018, quando foram descobertos blocos de anotações de um ex-funcionário da gestão kirchnerista (2003-2015) com registros da entrega de dinheiro de empresários ao governo ao longo de vários anos. 

O juiz federal Claudio Bonadio, em Buenos Aires
O juiz federal Claudio Bonadio, em Buenos Aires - Alfredo Luna - 4.mai.16/Telam/AFP

Segundo a investigação, esse dinheiro seria destinado a comprar favores junto ao governo.
No processo, vários empresários e ex-funcionários kirchneristas foram acusados, como o ex-ministro Julio De Vido, que foi preso

Bonadio havia pedido a prisão preventiva de Cristina e enviado várias vezes ao Congresso um pedido para que retirassem seu foro privilegiado —antes de assumir como vice-presidente, Cristina era senadora. 

O Parlamento, porém, vetou a solicitação.

Desde que Alberto Fernández assumiu o poder, em dezembro, o novo governo kirchnerista tentava em vão convencer o juiz a renunciar, com a justificativa de que ele estava doente.

Bonadio era alvo de duros ataques de Cristina e de seus seguidores. A vice-presidente dizia que ele era um "pistoleiro e um mafioso" e, em sua autobiografia, "Sinceramente", chama-o de sicário.

O juiz também estava envolvido em outras investigações relacionadas ao kirchnerismo, como a que apura suspeitas de enriquecimento ilícito dos filhos da ex-presidente. 

Um deles, Máximo, também tem foro privilegiado, pois é deputado. A outra, Florencia, está em tratamento numa clínica em Cuba. 

Cristina atacava Bonadio porque, segundo ela, o juiz dificultava as saídas do país para visitar a filha. 

Florencia tem depressão crônica e realiza tratamento contra uma doença ligada ao sistema linfático e cujos detalhes são pouco conhecidos.

“Não me alegro que tenha morrido, esperava que tivesse tido uma longa vida e pagasse por ter realizado tantos processos arranjados”, disse Gregório Dalbón, advogado de Cristina Kirchner, sobre a morte de Bonadio. A vice-presidente não comentou.

Bonadio também esteve à frente de processo relacionado à lavagem de dinheiro por meio dos hotéis dos Kirchner na Patagônia e de denúncia feita pelo promotor Alberto Nisman, para quem Cristina havia obstruído a Justiça. 

Para os kirchneristas, o juiz era o claro exemplo do que chamam de "lawfare", em que a Justiça é usada para fins políticos. Cristina afirma crer que os nove processos contra ela são parte de uma perseguição política, e que Bonadio era um instrumento nesse sistema. 

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