Descrição de chapéu The New York Times

Morre criador do mapa de metrô de Nova York

Em 1979, empresa de Michael Herz desenhou modelo que serve de base até hoje

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Neil Genzlinger
Nova York | The New York Times
Michael Hertz, cuja empresa de design produziu um dos mapas mais consultados da história da humanidade, o gráfico de linhas curvas que os usuários do metrô de Nova York espiam por cima dos ombros um dos outros para descobrir qual estação querem, morreu em 18 de fevereiro em East Meadow, Nova York. Ele tinha 87 anos.
 
Seu filho Eugene anunciou a morte, no Centro Médico da Universidade de Nassau, mas não informou a causa. Hertz também morava em East Meadow, em Long Island.
 
Em meados da década de 1970, a Metropolitan Transportation Authority (MTA) –a autoridade de transportes metropolitanos– deu à empresa de Hertz, Michael Hertz Associates, a tarefa de criar um mapa do sistema de metrô da cidade de Nova York que ajudaria os usuários a entender o monstro com muitos tentáculos.
Michael Hertz, o terceiro da esquerda para à direita, sentado, e a equipe responsável por desenvolver o mapa do metrô de Nova York - Photo Communications Co via The New York Times

Já havia um mapa do sistema (ou “diagrama”, como alguns preferiam chamá-lo), uma coisa modernista colorida criada pelo designer italiano Massimo Vignelli e introduzida em 1972.

Ele era divertido de se olhar –o Museu de Arte Moderna de Nova York tem essa versão em sua coleção–, mas poucos usuários gostavam dele, em parte porque no mapa de Vignelli o subterrâneo não correspondia à superfície.

"Era a década de 1970", disse Arline L. Bronzaft, psicóloga que trabalhou no mapa substituto de Hertz, ao jornal Newsday em 2004.

"As pessoas tinham medo de ir ao metrô. Queríamos que as pessoas usassem o mapa para ver os pontos turísticos de Nova York.”

O mapa que a empresa de Hertz criou incluía ruas, bairros e outros pontos de referência na superfície. E ele descrevia a cidade e seus elementos exclusivos, como o Central Park, e as vias fluviais de uma maneira que refletia mais a realidade –o parque não era quadrado, como no mapa anterior, e a água não era bege.

O novo mapa foi um trabalho em equipe. Um comitê da MTA, chefiado por John Tauranac, estudou vários projetos e reuniu informações.

Um pintor e designer japonês que trabalhava para a Hertz, Nobuyuki Siraisi, percorreu todas as linhas do metrô com os olhos fechados, para que pudesse sentir melhor as curvas nas rotas. (Uma das reclamações sobre o diagrama de Vignelli era que ele era composto inteiramente por linhas retas.)

O mapa do metrô de Nova York - MTA via The New York Times

Ao longo dos anos, houve algumas críticas sobre quem merece crédito pelo mapa de 1979, com objeções de Hertz sempre que Tauranac era identificado como "designer-chefe" ou por um título semelhante.

"Tivemos carreiras paralelas", disse Hertz ao New York Times em 2012. "Eu desenho mapas de metrô, e ele afirma desenhar mapas de metrô."

Em 2004, o Newsday, jornal de Long Island, perguntou a Tom Kelly, então porta-voz da MTA, sobre quem fez o quê.

"A melhor coisa que eu provavelmente poderia lhe dizer é citar minha santa mãe: 'O sucesso tem muitos pais'", disse Kelly.

"Isso não deprecia qualquer trabalho que alguém tenha feito no mapa. Mas, honestamente, foi Mike Hertz que fez todo o design básico e a implementação dele. Com toda a justiça, o pai deste mapa, no que nos diz respeito, é Mike Hertz.”

Uma coisa é certa: o mapa que ele e sua equipe criaram tinha capacidade de longevidade. Ele foi aprimorado, atualizado e alterado ao longo dos anos. Uma reformulação substancial foi realizada por Hertz em 1998. Mas o conceito central desenvolvido em 1979 permanece.

"Na comunidade dos mapas de trânsito, Mike se destacava", disse Charles Gordanier, funcionário da MTA que hoje supervisiona o mapa, por email.

"Todos os nova-iorquinos têm em suas mentes uma imagem do mapa do metrô de Mike.”

Michael Hertz em foto cedida pela família - Hertz family via The New York Times

Michael Edward Hertz nasceu em 1º de agosto de 1932, no Brooklyn, filho de Abraham e Jean (Gittleman) Hertz. Ele cresceu no Brooklyn e no Queens e se formou em Belas Artes pela Queens College em 1954, depois serviu o Exército por dois anos.

Ele trabalhou para a Walt Disney Co. como diretor de arte para publicidade de filmes por uma década antes de abrir sua própria empresa no final da década de 1960. Atuou na criação dos mapas de trânsito das cidades de Houston e Washington, mapas dos vários bairros da cidade de Nova York, mapas e guias de aeroportos, e muito mais.

Além de seu filho Eugene, Hertz deixa a esposa, Carole Ann (Ruden) Hertz, com quem se casou em 1954; dois outros filhos, David e Joseph; uma filha, Leslie B. Kawaler; e oito netos.

Para o mapa da MTA, ele disse ao site de notícias Gothamist em 2007 que a equipe enfrentou muitos obstáculos no início.

"Talvez o maior tenha sido o fato de que o novo mapa teria que se encaixar nas molduras existentes em todos os vagões do metrô", disse Hertz.

"Como a cidade é mais comprida e mais estreita do que Vignelli havia desenhado, acrescentou, a equipe teve que “amassar, dobrar e apertar o mapa para caber na moldura já existente”.

Uma inovação, disse ele, foi a ideia de que eles poderiam distorcer um pouco o mapa.

"Percebemos que poderíamos adequar as áreas menores da cidade para dar mais espaço a áreas congestionadas como Lower Manhattan e o centro do Brooklyn, sem prejudicar muito o sentido geral da geografia da cidade", disse ele.

A equipe testou projetos preliminares com usuários reais do metrô. Hertz afirmava acreditar que o resultado tinha sido um sucesso. "Continua sendo o equilíbrio certo entre informações e clareza gráfica", disse ele ao Times em 2010.

Ele queria especialmente que o mapa fosse compreensível para turistas e outros usuários inexperientes.

Ele disse ao Times em 2004: "Ainda sinto prazer em uma estação de metrô quando vejo algum turista olhando o mapa".

Tradução de AGFox

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