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Bloomberg é alvo de fortes ataques em seu 1º debate democrata na TV

Pré-candidatos focaram política de combate ao crime e histórico em igualdade de gênero

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São Paulo

No primeiro debate democrata após o início das prévias do partido, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg foi o principal alvo dos demais pré-candidatos, que criticaram seu passado controverso em igualdade de gênero, política criminal e transparência. 

Um dos momentos mais fortes da noite foi o pedido da senadora Elizabeth Warren para que o bilionário tornasse públicos acordos de sigilo extrajudiciais firmados entre mulheres e as companhias dele em casos de assédio e abuso sexual.

A resposta de Bloomberg foi vaga: os acordos são consensuais, portanto, legalmente, ele não poderia tomar essa decisão. 

Os pré-candidatos Michael Bloomberg e Elizabeth Warren durante debate em Las Vegas - Mark Ralston - 19.fev.2020/AFP

O ex-prefeito de Nova York também foi questionado pela política "stop and frisk" (parar e revistar), que foi ampliada durante sua gestão à frente da cidade. 

Ela permitia que oficiais parassem e questionassem qualquer pessoa que estivesse num espaço público, desde que tivessem um "motivo razoável" para acreditar que a pessoa estava envolvida ou prestes a se envolver num crime.

Se os policiais suspeitassem que essa pessoa portava uma arma, podiam revistá-la ali mesmo.

O método acabou afetando de forma desproporcional jovens negros e latinos. Um levantamento de 2010 da ONG Centro para Direitos Constitucionais apontou que essas minorias tinham nove vezes mais chances de serem "paradas e revistadas" do que pessoas brancas.

Bloomberg mencionou o pedido de desculpas que deu no ano passado devido a essa política. 

Debatedores apontaram que, dentre aqueles no palco, ele era o único a não ter divulgado suas declarações de imposto de renda.

Bloomberg se justificou dizendo que, devido à sua fortuna e ao pouco tempo desde que ele tinha entrado na disputa (dez semanas), ele ainda não tinha finalizado o levantamento —uma resposta que deixou a plateia em silêncio. 

Mesmo tendo anunciado sua candidatura em novembro do ano passado —bem mais tarde que os demais concorrentes—, ele conseguiu elevar seu índice de intenção de voto de 4,8% em 1º de janeiro para 16,5% nesta semana.

O bom resultado nas pesquisas garantiu a participação do bilionário, que arca com as despesas de sua campanha e já investiu mais de US$ 330 milhões (R$ 1,4 bilhão) em propaganda política —uma pequena fração de sua fortuna, estimada em US$ 60 bilhões. 

Alvejado por todos os lados, Bloomberg se saiu um pouco melhor ao ser questionado sobre seus planos para lidar a crise global do clima.

Ele mencionou seus investimentos filantrópicos em iniciativas de combate às mudanças do clima e defendeu que os Estados Unidos ingressassem novamente no Acordo de Paris.

Mesmo assim, alguns de seus rivais foram mais ambiciosos ao tratar do assunto. O senador progressista Bernie Sanders, por exemplo, mencionou a ideia de um New Deal Verde —um grande plano de investimentos para transformar a matriz energética americana e estimular a geração de empregos.

O debate desta quarta (19) foi o primeiro desde o início das prévias em Iowa no dia 3 de fevereiro —New Hampshire também já votou para escolher seu pré-candidato.

O debate desta quarta pode definir a liderança nesta altura da disputa. Atualmente, o ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg está à frente com 22 delegados. O pré-candidato independente Bernie Sanders vem logo atrás, com 21. 

A senadora Elizabeth Warren tem oito, seguida pela também senadora Amy Klobuchar, com sete. Em último lugar está Joe Biden, com seis.

O desempenho tímido do ex-vice-presidente Biden surpreendeu democratas e colocou em risco a continuidade de sua campanha.

Muitos apostavam que ele poderia unir o partido por se apresentar como o candidato com maiores chances de derrotar Donald Trump —um sentimento que vem se desfazendo com os resultados recentes.

No entanto, Biden aposta em recuperar esses votos nas prévias das próximas semanas, que acontecerão em estados em que a população negra, que o associa aos anos do governo Obama, pode apoiá-lo em massa. 

De acordo com as regras do partido, o número de votos que cada candidato recebe equivale a uma quantidade de delegados na convenção nacional da legenda —o cálculo é feito de forma proporcional, considerando tamanho da população e o peso de cada estado. 

Considerando a pulverização de candidaturas nas primárias democratas, são altas as chances de que nenhum presidenciável alcance mais do que a metade dos delegados em disputa para assegurar a nomeação na convenção democrata, programada para julho. 

No fim do debate desta quarta, os candidatos foram questionados sobre o que fariam no cenário em que ninguém conquistasse a maioria dos delegados. 

Líder nas pesquisas a nível nacional, Bernie Sanders foi o único a responder que acredita que o político mais votado nas primárias democratas deveria ser automaticamente o nome do partido para enfrentar Donald Trump em novembro.

Todos os demais defenderam que caberia aos participantes da convenção democrata decidir os critérios para escolher quem representará o partido.

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