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Prévia em New Hampshire pode sinalizar candidato democrata da ala moderada

Novo desempenho pífio de Biden mostraria que Buttigieg entrou de vez no radar do establishment do partido

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Washington

As primárias desta terça-feira (11) em New Hampshire devem sinalizar quem ganha força como candidato moderado na disputa com o progressista Bernie Sanders pela vaga democrata à Casa Branca.

Após o caos na votação em Iowa, na semana passada, com problemas na apuração, o cenário na arena de oposição a Donald Trump surpreendeu ao mostrar Pete Buttigieg, centrista e ex-prefeito de uma pequena cidade de Indiana, dividindo a liderança dos resultados no estado com Sanders —a diferença foi de 0,09% para Buttigieg, que teve 26,21% dos delegados contra 26,12% do senador por Vermont.

A expectativa, de acordo com pesquisas, era de que o ex-vice-presidente Joe Biden representasse a ala moderada da sigla frente a Sanders, mas ele obteve apenas um quarto lugar na primeira etapa das prévias democratas, o que impactou negativamente sua candidatura.

O ex-vice-presidente Joe Biden durante comício em Concord, no estado de New Hampshire
O ex-vice-presidente Joe Biden durante comício em Concord, no estado de New Hampshire - Joseph Prezioso - 4.fev.20/AFP

Apesar de Sanders e Buttigieg terem pedido revisão da contagem de votos em Iowa, não há expectativa de uma mudança substancial na colocação dos candidatos, e o bom desempenho do ex-prefeito embalou sua campanha.

Segundo assessores, democratas moderados que declararam apoio público a Biden procuraram aliados de Buttigieg após Iowa, sinalizando que o ex-prefeito entrou de vez no radar do establishment do partido. 

Além disso, sua campanha arrecadou US$ 2,7 milhões (R$ 11,6 milhões) nas horas seguintes ao caucus da semana passada —quantia que seus apoiadores geralmente levavam 15 dias para angariar.

Biden sentiu o baque e divulgou neste sábado (8) uma propaganda na TV americana para atacar o rival.

No filme, compara o que diz ser sua experiência política como vice-presidente no governo Barack Obama à pouca habilidade de Buttigieg, que administrou South Bend, uma cidade de 100 mil habitantes.

Biden tenta mostrar que ainda é competitivo mesmo com as pesquisas em New Hampshire sinalizando um outro amargo quarto lugar. 

Dados divulgados nesta segunda-feira (10) apontam Sanders com 26% no estado, ante 21% de Buttigieg, além de 12,8% da também progressista Elizabeth Warren e 12,2% de Biden.

Um dia antes da votação em Iowa, as posições dos centristas eram praticamente invertidas: Biden aparecia atrás de Sanders, com 16%, enquanto o ex-prefeito tinha 13%, empatado com Warren em terceiro lugar.

O eleitorado de New Hampshire, majoritariamente branco, favorece Buttigieg, que não tem apelo entre minorias. Ele aposta nesses dois primeiros estados para engatar um efeito cascata em sua campanha.

Do 1,3 milhão de habitantes de New Hampshire, 90% são brancos, 3,9% são latinos e 1,7% é negro. 

São eles que irão às urnas nesta terça escolher os 24 delegados que representarão o estado na convenção nacional democrata, para nomear o candidato do partido, em julho.

Sob pressão e projeções adversas, o objetivo de Biden, dizem auxiliares, é levar algum fôlego às primárias marcadas para o fim do mês, em Nevada e Carolina do Sul, onde o ex-vice-presidente tem base eleitoral forte.

Das 5 milhões de pessoas que vivem na Carolina do Sul, quase 30% são negras, eleitorado que apoia o ex-vice-presidente principalmente devido à sua ligação com Obama.

Biden sabe que Buttigieg não conseguiu ampliar o apoio entre negros, nicho que representou 24% das prévias democratas em 2016, e vai apostar todas as fichas nisso.

Analistas avaliam, porém, que se Biden chegar enfraquecido à Carolina do Sul o bom desempenho entre os negros pode não ser suficiente para segurar a preferência do partido nos levantamentos nacionais, nos quais ainda aparece como favorito ao lado de Sanders, com cerca de 22%.

Enquanto escala a briga pela vaga de centrista, o senador ligado à esquerda do partido tem se consolidado como o nome progressista na disputa interna. 

Com a liderança dividida em Iowa e boas perspectivas para New Hampshire e Nevada —a média das pesquisas o coloca em primeiro lugar nos estados—, o senador se descolou de Warren, que perdeu tração.

Correndo por fora, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg tenta se aproveitar do caos em Iowa, que desgastou os competidores, e da briga entre Biden e Buttigieg.

Ele entrou na disputa tardiamente e tem usado uma estratégia pouco ortodoxa, cujos resultados ainda são pouco previsíveis.

Bloomberg não participa das primárias de fevereiro e disse que vai concorrer somente na Super Terça, em março, quando diversos estados fazem as primárias ao mesmo tempo.

Especialistas estão céticos quanto à estratégia, mas pesquisas nacionais o mostram em quarto lugar, com 11,2%, depois de Biden, Sanders e Warren, mas à frente de Buttigieg, que tem 9%.

As campanhas democratas apostam em New Hampshire justamente para tentar clarear o jogo no espectro moderado do partido, um cenário que ainda parece nebuloso e bastante imprevisível.

Erramos: o texto foi alterado

Uma versão anterior desse texto afirmava incorretamente que ​New Hampshire tem direito a 32 delegados na convenção nacional do Partido Democrata. O estado na verdade tem direito a 24 delegados. 

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