Apuração confirma vitória de Netanyahu, mas maioria para governar depende de acordos

Premiê reivindicou vitória e agora negocia com partidos de direita

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São Paulo e Jerusalém | Reuters

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, vê se repetir o mesmo resultado há três eleições: sua coligação consegue um bom número nas urnas, mas não o suficiente para obter maioria e formar um governo viável.

Assim, precisa buscar apoio em outros partidos. 

Binyamin Netanyahu acena a apoiadores ao lado da mulher, Sara, em comício em Tel Aviv - Jack Guez/AFP

Com 92,5% das urnas apuradas após a votação desta segunda (2), seu partido, o Likud, obteve 35 assentos no Parlamento, e a coalizão de direita, que apoia Netanyahu, soma 58.

Com isso, o premiê precisa de três cadeiras para obter maioria no Knesset, o Parlamento israelense de 120 lugares.

Em segundo lugar, o Azul e Branco vai levando 32 postos. Em seguida, vem a Liga Árabe Unida, com 16 assentos. Somado, o bloco de centro-esquerda soma 55.

No dia seguinte à votação, Netanyahu se reuniu com partidos menores de direita, como o Shas (10 votos), com quem conversou por uma hora e meia. 

O atual premiê reivindicou a vitória em um discurso, ainda na noite de segunda. Nesta terça, diante de apoiadores reunidos em Tel Aviv, Netanyahu comemorou por ter conquistado “a vitória mais importante de sua vida”. “É uma vitória... contra todas as probabilidades e à custa daqueles que previram o fim da era Netanyahu”, disse o premiê que soma 14 anos no cargo.

Seu principal rival, Benny Gantz, líder do Azul e Branco, no entanto, não assumiu a derrota e prometeu não desistir.

O poder de resolver o impasse deve ficar com Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, que obteve sete assentos. "Faremos de tudo para evitar uma quarta eleição", disse ele, que prometeu decidir o que fazer até o final da semana.

Lieberman é um nacionalista laico hostil aos partidos árabes e judeus ortodoxos. Até se identifica com a direita quando se trata de diplomacia e relacionamento com os palestinos. Mas está mais próximo da esquerda progressista sobre a separação entre religião e Estado. 

Nesta terça, surgiram novas denúncias contra o Likud. Segundo o jornal Haaretz, a legenda de Netanyahu estaria ameaçando a parlamentar Omer Yankelevich a divulgar gravações comprometedoras caso ela não deixe o partido Azul e Branco.

A saída tornaria mais fácil ao Likud formar maioria. O partido de Netanyahu nega a chantagem.

Na campanha, o Likud foi multado em 7.500 shekels (R$ 9.660) por espalhar um vídeo adulterado de Gantz. Durante a campanha, Netanyahu retratou o rival como um covarde, que ficaria dependente do apoio de políticos árabes para governar.

Israel teve duas eleições em 2019, em abril e em setembro. Nas duas ocasiões, Netanyahu e Gantz tentaram formar governo, mas não conseguiram um acordo entre os partidos. Um dos entraves foi que Netanyahu se recusou a abrir mão da liderança do Likud e, por consequência, do cargo de premiê.

Na votação de abril de 2019, o bloco então liderado pelo Likud obteve 65 assentos, mas depois não houve consenso entre seus integrantes para formar governo e o país precisou voltar às urnas, situação que pode se repetir agora.

Inicialmente, o Israel Nossa Casa, de Lieberman, faria parte da coalizão de direita, mas o apoio não se concretizou, e o premiê teve de negociar com 60 cadeiras. 

Enquanto Netanyahu luta para formar governo, também se prepara para encarar a Justiça. Nos últimos meses, o processo que investiga o atual primeiro-ministro por corrupção avançou: ele foi indiciado oficialmente pelas acusações de fraude, abuso de poder e quebra de confiança em três casos diferentes.

O julgamento está marcado para começar em 17 de março.

A investigação seguirá mesmo que Netanyahu consiga renovar o mandato. Para obter imunidade, ele precisa de aprovação do Parlamento.

Houve uma tentativa em janeiro, mas o premiê desistiu do pedido pouco antes da sessão que debateria o caso. Ele poderá tentar de novo se conseguir ampliar sua base de apoio após a votação desta segunda. 

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