Bill Clinton diz que teve caso com Lewinsky para 'lidar com ansiedades'

Em documentário sobre Hillary, ex-presidente afirma que pior parte foi contar para a filha

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Nova York | AFP

Mais de 20 anos após o escândalo sexual que quase custou sua Presidência, Bill Clinton revelou em um novo documentário que o estresse e a ansiedade lhe levaram a ter um caso com Monica Lewinsky, uma aventura extraconjugal que deixou sua mulher "devastada".

No novo documentário "Hillary", lançado nesta sexta-feira (6) na plataforma de streaming Hulu, Clinton justifica sua relação sexual nos anos 1990 com a estagiária da Casa Branca de 22 anos como algo que fez "para lidar com (sua) ansiedade durante anos".

O ex-presidente Bill Clinton em um evento em Paris
O ex-presidente Bill Clinton em um evento em Paris - Martin Bureau-30.set.19/AFP

Na série de quatro capítulos, Clinton, 73, é entrevistado a sós e questionado sobre os motivos para o caso e se ele considerou os riscos.

"Ninguém senta e pensa: 'Acho que vou correr um risco realmente irresponsável'", disse o ex-presidente. "É ruim para a minha família, é ruim para o meu país, é ruim para as pessoas que trabalham comigo." 

Ele contou que se sentia sob muita pressão, mas que, de qualquer forma, o que fez foi errado. "Você sente que está cambaleando, que estava em uma luta de 15 rounds que foi estendida a 30 rounds, e aqui tem alguma coisa que vai te distrair por um tempo", afirmou.

"A vida de todos tem pressões, decepções e terrores, medos de qualquer coisa, coisas que fiz para lidar com minhas ansiedades durante anos", acrescentou.

Ele disse ainda que "todos trazemos nossa bagagem para a vida e às vezes fazemos coisas que não deveríamos". "O que eu fiz foi horrível." 

Clinton inicialmente negou a relação com Lewinsky em uma declaração judicial gravada em vídeo, no âmbito de um processo por abuso sexual apresentado por Paula Jones contra o ex-governador de Arkansas.

A Câmara de Representantes aprovou seu processo de impeachment por mentir sob juramento a respeito do caso com Lewinsky em dezembro de 1998, mas ele foi absolvido pelo Senado em fevereiro.

O ex-presidente disse que se sente "terrível" pela maneira como o affair afetou a vida de Lewinsky para sempre.

"Ao longo dos anos, vi ela tentando voltar a ter uma vida normal", disse. "Mas é preciso decidir o que você define como normal."

O pior, confessou o ex-presidente, foi ter que contar para sua filha, Chelsea. Hillary disse a seu marido que ele deveria contar para ela antes que a adolescente soubesse pela imprensa.

"Eu fiz isso, e foi horrível", afirmou o ex-presidente. "O que eu fiz foi errado. Simplesmente odiei machucá-la assim."

Já Hillary contou que se sentiu "devastada e ferida de uma forma tão pessoal" pelo caso.

Mas ela acabou perdoando-o e nunca se separou —uma decisão pela qual foi muito criticada.

A ex-primeira-dama sugeriu que, com o movimento #MeToo contra assédio e agressão sexual por homens que abusam de sua posição de poder, algumas pessoas estão fazendo uma nova leitura do que aconteceu.

"Vivemos tempos estranhos, em que a opinião pública muda, e as pessoas deixam de dizer 'ah, tão nobre, permaneceram em seu casamento' para 'ah, é tão incompreensível que eles tenham continuado em seu casamento'", disse Hillary.

"Me senti tão grato por ela achar que ainda tínhamos o que era necessário para superar isso. Só Deus sabe o preço que ela pagou por isso", afirmou o ex-presidente.

Clinton disse que mudou muito desde duas décadas atrás, quando o escândalo veio à tona.

"Sou uma pessoa totalmente diferente da que eu fui. Talvez eu só esteja envelhecendo, mas espero que também seja porque passei por tudo isso."

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