Combate ao coronavírus vira novidade na eleição israelense

Eleitores em quarentena poderão votar em terceiro pleito em onze meses

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Steve Hendrix
Jerusalém | Washington Post

Dias antes da terceira eleição nacional em 11 meses e com as pesquisas prevendo mais uma repetição dos dois empates anteriores, a agitação política em Israel produziu pelo menos uma nova característica: o medo repentino do coronavírus.

Embora existam apenas sete casos confirmados no país, as autoridades estão preparando para segunda (2) mais de uma dúzia de locais de votação com proteção biológica para centenas de israelenses que estão em quarentena por causa de um possível contato com pessoas infectadas.

A autoridade eleitoral informou nesta semana aos legisladores sobre as novas precauções tomadas pelo órgão, em uma sinalização de como o atual surto poderá alterar os procedimentos normais de votação em todo o mundo ainda neste ano.

Cartaz do partido Likud, do premiê Binyamin ​Netanyahu, que busca a reeleição - Ahmad Gharabli/AFP

Em tendas por todo o país, os eleitores israelenses em quarentena, usando luvas de látex e máscaras, darão seus votos —a serem selados em envelopes duplos especiais e contados separadamente— atrás de uma parede de plástico transparente. Supervisionando a votação, do outro lado, haverá paramédicos do Magen David Adom (entidade semelhante à Cruz Vermelha), os únicos voluntários que as autoridades encontraram.

“Ninguém estava disposto a trabalhar lá”, disse Orly Ades, diretor-geral do Comitê Central de Eleições de Israel a uma comissão parlamentar nesta semana, de acordo com o jornal Jerusalem Post.

A experiência de Israel com uma eleição infecciosa será observada de perto por outros países em ano eleitoral, incluindo os Estados Unidos, onde os candidatos e funcionários da saúde também esperam impedir que o coronavírus perturbe a política como fez com os mercados de turismo e de ações.

A cobertura de um potencial surto em Israel explodiu na última semana da campanha após relatos de que um grupo de turistas sul-coreanos, alguns dos quais com resultado positivo em testes do vírus, tinham visitado muitos dos locais históricos e religiosos mais movimentados de Israel.

Centenas de israelenses que podem ter se aproximado do grupo foram postos em isolamento. O Ministério da Saúde anunciou recentemente que as pessoas em quarentena poderão sair para votar, mas apenas se não apresentarem sintomas ativos e não usarem o transporte público.

Como o governo anunciou restrições maiores —recusando visitantes de vários países asiáticos e obrigando à quarentena os israelenses que retornam de pontos de atividade do coronavírus—, as campanhas se esforçam para manter a atenção dos eleitores já exaustos e apáticos após duas votações. 

“Isto é um como um script que temos visto cada vez mais”, disse Ari Gorlin, executivo de uma empresa tecnológica, que almoçava no shopping center Hadar em Jerusalém três dias antes da votação. “É difícil ficar animado.”

Os níveis de votação efetivamente subiram na segunda eleição, em setembro, apesar das previsões de muitos especialistas de que a eleição repetida causaria menos interesse. Desta vez, com a apatia misturada com o temor pelo surto, não se sabe quantos eleitores irão às urnas.

“O comparecimento será fundamental, mas não sei como prever isso”, disse Gil Hoffman, principal correspondente político do Jerusalem Post. “Tenho medo de parecer tolo novamente.”

Os israelenses ganham um dia de folga para as eleições, e as campanhas nacionais frequentemente lembram à população para não desperdiçá-lo em compras ou passeios à praia. Mas desta vez alguns eleitores cansados não estão aderindo. Eric Rosenberg participou dos dois últimos pleitos, mas agora pretende levar sua família para esquiar.

“Há definitivamente um fator cansaço”, disse ele. “Eu realmente acredito em exercer meu direito ao voto, mas isto é ridículo."

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