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Biden exibe novos apoios enquanto Sanders vota com a mulher na Super Terça

Dois principais candidatos na disputa democrata adotam táticas diferentes no dia mais importante das primárias

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Dallas, Burlington (EUA) e São Paulo | Reuters e AFP

No dia mais importante da disputa que vai decidir quem será o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, os principais nomes ainda na briga adotaram táticas diferentes para conseguir votos. 

Enquanto o ex-vice-presidente Joe Biden passou esta terça-feira (3) exibindo os novos apoios que recebeu, o senador Bernie Sanders permaneceu a maior parte do dia em casa e apareceu apenas para as primárias de Vermont —um dos 14 estados nos quais ocorrerá a votação para escolher o candidato democrata que desafiará o presidente republicano Donald Trump em novembro.   

A disputa entre os dois, que representam respectivamente a ala mais moderada e a mais progressista da sigla, tem monopolizado as atenções desta Super Terça.

Sanders lidera a disputa democrata praticamente desde o início da disputa, mas Biden tem crescido na última semana, em especial após vencer as primárias na Carolina do Sul no sábado (29). 

Na noite de segunda (2), ele ganhou ainda mais força após receber uma nova leva de apoios.

Biden e Pete Buttigieg, 38, rivais até a noite de domingo (1º), apareceram juntos diante de uma pequena multidão no restaurante Chicken Scratch em Dallas, onde o ex-prefeito de South Bend, em Indiana, deu seu apoio oficial ao ex-vice-presidente.

Com lágrimas nos olhos, Biden comparou Buttigieg ao seu falecido filho Beau, dizendo que é o maior elogio que ele pode oferecer a uma pessoa.

Pete Buttigieg (de branco) anuncia apoio a Joe Biden no restaurante Chicken Scratch, em Dallas - Elizabeth Frantz - 2.mar.2020/Reuters

Depois de desistir de sua própria candidatura, Buttigieg, que passou meses pedindo por uma mudança de geração no comando, disse que Biden "devolveria a dignidade à Casa Branca".

O apoio foi o de mais destaque entre os mais de cem nomes que se aproximaram de Biden, na maioria democratas moderados, após sua vitória avassaladora na Carolina do Sul.

Os novos apoiadores também incluem a senadora Amy Klobuchar, de Minnesota, que encerrou sua candidatura presidencial na segunda-feira, bem como outro ex-rival presidencial, o ex-deputado do Texas Beto O'Rourke.

Ambos apoiaram Biden em seu comício final em Dallas antes de começar a votação desta terça. Klobuchar também estrelou diversos anúncios da campanha de Biden.  

Do Texas, o ex-vice-presidente de Barack Obama seguiu para Oakland, na Califórnia (o maior estado em disputa), e à noite participará de um grande evento em Los Angeles. 

Sem tantos apoios, Sanders fez apenas uma aparição pública nesta terça. Dirigindo o próprio carro, ele e a mulher foram votar em Burlington, onde o casal mora.

"Queria ter certeza de que conseguiríamos ao menos dois votos em Vermont", disse um sorridente Sanders a voluntários ao chegar para votar em um centro comunitário.

"Estamos determinados a derrotar o presidente mais perigoso da história moderna do nosso país", completou ele antes de deixar o local. À noite, Sanders vai comparecer a um encontro de apoiadores também na cidade, no qual deve discursar.   

A também senadora Elizabeth Warren optou por um plano semelhante e decidiu passar o dia em seu estado, Massachusetts.

Cercada por apoiadores, ela fez uma caminhada até a escola onde vota, na cidade de Cambridge (nos arredores de Boston). Depois, deve ir para Michigan, estado que só fará a prévia na próxima semana.   

Já o ex-prefeito de Nova York Michael Blooomberg, que fará sua estreia nas primárias nesta terça, optou por passar o dia em Miami (a votação na Flórida é só no próximo dia 17 ), fazendo campanha principalmente com a comunidade latina local. 

A volta por cima de Biden na Carolina do Sul, depois de fracos resultados em outros estados, foi exatamente o tipo de vitória que membros do Partido Democrata insatisfeitos com Sanders esperavam, de acordo com mais de 20 nomes que passaram a apoiar o ex-vice-presidente por temer que o senador seja progressista demais para enfrentar Trump.

"Eu não planejava endossar ninguém, mas comecei a ficar preocupado que Bernie Sanders se tornasse o candidato", disse a ex-senadora Barbara Boxer, da Califórnia, uma colega de longa data no Senado de Sanders.

Pessoas dentro e fora da campanha de Biden disseram que, apesar do esforço feito por assessores de Biden, que ligaram pedindo apoio, a maioria decidiu por conta própria.

O apoio de Buttigieg, em particular, surpreendeu Biden.

Na noite de domingo, o ex-presidente Barack Obama, a quem Biden atuou como nº 2 por oito anos, ligou para Buttigieg em meio a relatos de que estava saindo da corrida de 2020, segundo duas pessoas cientes do telefonema.

Obama não pediu explicitamente a Buttigieg para apoiar Biden, disseram as pessoas, mas enfatizou a natureza histórica de sua oferta e a alavancagem que ela carrega.

Buttigieg, o primeiro candidato presidencial abertamente gay, venceu na votação de Iowa e ficou em segundo lugar, atrás de Sanders, nas primárias de New Hampshire.

Representantes de Obama não foram encontrados pela agência Reuters para comentar.

Não importava como eles iriam se unir a um exército repentino e crescente de apoiadores de Biden, cada apoiador tinha uma coisa em comum: um desejo de interromper o surto do autodenominado socialista democrata Sanders.

A maioria acredita que o senador de Vermont, que defende a justiça econômica e os cuidados de saúde universais geridos pelo governo no lugar dos planos privados, não apenas perderá para Trump, mas também poderá frustrar as esperanças democratas de recuperar o Senado e até ceder o controle da Câmara dos Deputados aos republicanos.

O ex-líder da maioria no Senado Democrata Harry Reid, de Nevada, ainda uma figura influente no partido, disse à Reuters que não aguenta mais ficar parado, diante da perspectiva de uma indicação de Sanders.

No domingo à noite, Reid ligou para Ricchetti, que estava viajando com Biden em um avião, e disse que estava pronto para dar seu apoio.

"Se meu amigo Bernie Sanders conseguir a indicação, Trump irá vencê-lo", disse Reid.

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