Israel começa a rastrear infectados por coronavírus com localização de celulares

Medida visa mapear pessoas que estiveram próximas de quem foi contaminado

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Jerusalém | Reuters

O governo israelense começou na terça-feira (17) a usar tecnologia de monitoramento por celular contra o coronavírus e ordenou que as pessoas não saiam de casa.

O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aprovou regras de emergência que permitirão que o serviço de segurança interna, Shin Bet, use dados de celulares para rastrear os movimentos de pessoas infectadas pelo vírus.

O premiê Binyamin Netanyahu durante entrevista coletiva em Jerusalém - Yonatan Sindel - 16.mar.2020/Xinhua

Os dados, habitualmente usados em ações antiterrorismo, serão acessados pelo ministério da Saúde para localizar e alertar as pessoas que estiveram próximo dos infectados, disse o governo.

Normalmente, esse tipo de monitoramento exigiria a aprovação do Parlamento e supervisão judicial. Netanyahu, que anunciou a medida na segunda (16), contornou o processo invocando ordens de emergência.

Em uma medida separada, o ministério da Saúde publicou novas diretrizes para que as pessoas permaneçam em casa.

As diretrizes acrescentaram praias e parques à lista de lugares a serem evitados, incluindo escolas, shoppings, restaurantes e teatros, que foram fechados ao público. Não mais que dez pessoas devem se reunir de cada vez.

Netanyahu, no entanto, disse que os israelenses devem ir trabalhar —muitas empresas estão funcionando com pessoal reduzido para tentar conter a disseminação do vírus—, comprar comida e remédios, exercitar-se ao ar livre e passear com os cachorros.

"Mesmo quando sair de casa com esses objetivos, o contato entre pessoas deve ser limitado, e elas devem ficar a dois metros de distância", de acordo com o ministério.

O uso de tecnologia antiterrorismo para rastrear infectados e qualquer pessoa que tenham entrado em contato com contaminados atraiu críticas de grupos de direitos humanos.

As autoridades israelenses disseram que o cibermonitoramento, em vigor pelas próximas duas semanas, se destina apenas a conter a disseminação do coronavírus e depois deixará de ser usado.

Mas a Associação para Direitos Civis de Israel chamou a medida de "precedente perigoso e uma ladeira escorregadia".

Gabi Ashkenazi, membro sênior do Partido Azul e Branco, de centro, também criticou o uso de ordens de emergência. "É inadequado aprovar essa medida dessa maneira, sem supervisão pública e parlamentar", escreveu ele no Twitter.

O líder de seu partido, o ex-general Benny Gantz, poderá ser o próximo primeiro-ministro. Ele recebeu o direito de tentar formar um novo governo na segunda (16) e convidou Netanyahu para formar uma coalizão.

O ministro da Justiça, Amir Ohana, rejeitou as críticas. "As preocupações dos incomodados pelo cibermonitoramento são superadas pela ameaça que enfrentamos", disse ele à Israel Radio.

Há 324 casos confirmados de coronavírus no país. Nos territórios palestinos, 41 foram confirmados na Cisjordânia e, até agora, nenhum na Faixa de Gaza.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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