"É falso! É falso!" moradores de um complexo de apartamentos na cidade de Wuhan gritaram das janelas quando um alto funcionário do governo conduzia uma inspeção no local, que está sob quarentena por causa do surto de coronavírus.
O vídeo de 15 segundos mostra, em meio a zombarias e gritos, alguns residentes acusarem os funcionários do condomínio de realizar a entrega de mantimentos naquele dia apenas para coincidir com a visita da vice-primeira-ministra, Sun Chunlan.
Embora algumas expressões de raiva contra autoridades locais durante a epidemia tenham sido permitidas nas mídias sociais, fortemente censuradas da China, o vídeo foi um raro vislumbre de uma raiva espontânea envolvendo uma importante autoridade do governo central.
Desde meados de fevereiro, os moradores não têm permissão para comprar alimentos. O governo local prometeu garantir entregas em massa de comida e outros itens essenciais.
Embora essas entregas tenham sido feitas em muitos lugares, os manifestantes do vídeo denunciam a que foi feita durante a visita de Sun como uma montagem.
A gravação, cuja autoria é desconhecida, viralizou nas mídias sociais chinesas. Censores chegaram a permitir que ele integrasse a lista das dez principais pesquisas na manhã de sexta-feira (6) no Weibo, o equivalente chinês ao Twitter.
O jornal oficial People's Daily reconheceu a veracidade do vídeo e até o publicou em seu feed no Twitter, em inglês, antes de removê-lo na sexta-feira.
A equipe do governo, liderada por Sun, disse que investigaria o assunto minuciosamente e "eliminaria o formalismo e a burocracia", relatou o People's Daily.
Autoridades municipais enviaram pessoas para realizar visitas domiciliares e investigar imediatamente o ocorrido, segundo a reportagem.
Para muitos cidadãos, a publicação do vídeo representou um alívio.
A China culpou e removeu dezenas de autoridades locais à medida que a insatisfação popular crescia em relação à resposta do governo à disseminação do coronavírus, que já matou mais de 3.300 pessoas em todo o mundo, principalmente na China.
No mês passado, a morte por coronavírus de um médico que havia sido repreendido por emitir um alerta precoce sobre a doença desencadeou uma rara manifestação pública de raiva contra o governo.
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